quarta-feira, 30 de março de 2011

É muito cedo para cantar derrota, parte dois

Ontem dizia que era muito cedo para as pessoas começaram a cantar o que quer que seja. Derrotas ou vitórias. Da mesma maneira que ainda não acredito que a Red Bull vá dominar a temporada, apesar do sinais latentes, também não acredito que a concorrência esteja derrotada em toda a linha logo após Melbourne. Digo isto depois de ler as preocupações sobre o projeto da Virgin e depois de ler as declarações de Flávio Briatore sobre a Ferrari:

"Pode parecer absurdo, mas a Ferrari deveria concentrar-se no monolugar de 2012. A equipa tem os meios e os recursos necessários, mas meio segundo de diferença para os Red Bull é uma eternidade", afirmou o ex-diretor da Renault em declarações ao diário finlandês Turun Sanomat.

Sobre a Virgin, Timo Glock não esconde o seu desânimo à Autosport portuguesa: "Porque esperávamos muito deste projeto e a verdade é que não progredimos nada e os nossos adversários diretos, a Lotus, deram um claro passo em frente".

Por isso, o alemão só espera que "as modificações que vamos levar para a Turquia surtam efeito, mas a diferença é muito grande e será difícil atingir os objetivos a que nos tínhamos proposto no início deste ano".

Vamos lá fazer de advogado do Diabo: primeiro que tudo, continuo a dizer que é prematuro dizer algo sobre os carros e sobre a época em si. Ninguém tem bolas de cristal para adivinhar o futuro e o que temos são tendências, nada mais. Segundo: Flávio Briatore nunca foi e nunca será um especialista. É um "alien" que nunca se interessou verdadeiramente sobre os aspectos técnicos da Formula 1, que certo dia, ainda na Renault, considerava como "demasiado chatos para serem entendidos". Nesse aspeto, é como Bernie Ecclestone: sempre que abre a boca, sai asneira. Portanto, tudo aquilo que diz é quase um insulto aos especialistas.

Claro, podemos dizer que tudo isto poder servir para o seu plano de regresso à Formula 1, cujo objetivo seria o ingresso na estrutura dirigente da Ferrari. Se ele for inteligente, a ideia pode ser essa. Mas mesmo assim, tais declarações continuam a ser prematuras e descontextualizadas. O fato da Ferrari ter sido a terceira equipa em Melbourne, atrás da Red Bull e da Ferrari, e que, por exemplo, o sétimo lugar de Felipe Massa se deve à desclassificação dos Sauber, não quer dizer absolutamente nada, pelo menos neste inicio da época. O ano passado, os Ferrari eram pouco considerados até meio da época, e depois recuperaram ao ponto de quase alcançarem o título. Lembram-se?

Portanto... Briatore perdeu uma boa oportunidade para estar calado. Tivesse um pouco mais de paciência e talvez dentro de algumas corridas poderia ter razão no que dizia.

Sobre a Virgin, diremos que estão a pagar o preço de usarem uma estratégia diferente. Desenhar carros por computador pode ser uma boa ideia no papel mais precisa ainda de tempo para dar certo. E parece que neste ano dois da agora Marrussia Virgin nas pistas, pelo menos na Austrália andaram muito perto do limite dos 107 por cento, o que é perigoso para Timo Glock e Jerôme D'Ambrosio. Ver escapar a Team Lotus pode ser frustrante, e para piorar as coisas, há rumores de que a pífia Hispania poderá ter um bom chassis, quando conseguirem afiná-lo.

Quem conta essa é o James Allen: o fato de Vitantonio Liuzzi ter ficado 1,7 segundos atrás da pior das Virgin significa que mesmo com todas as trapalhadas dentro daquela equipa, alguém poderá ter feito o trabalho de casa e combinado o que de melhor se fez da Williams (a caixa de velocidades) com o motor Cosworth. Se aquilo que o Colin Kolles anda a arrotar para fora for verdade, então temo que haja muita gente a engolir sapos vivos a meio do ano...

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