segunda-feira, 21 de março de 2011

O excesso de botões ao volante

Vou já avisando a navegação: não estou em forma. Ando a combater desde ontem uma garganta irritada e não me deixou formir esta noite. Movimento-me à custa de doses regulares de Mebocaína e Ben-U-Ron, tudo isso para evitar ficar constipado, embora suspeite que tudo isto seja porque hoje começa a Primavera. E os pólens para mim são algo a evitar...

Feitas as devidas ressalvas, vou tentar salvar o dia. É a semana do arranque da Formula 1 em Melbourne, e ontem andei a ler uma entrevista que Sebastien Vettel fez ao jornal inglês "Daily Mirror". Não é propriamente o jornal mais fiável da Grã-Bretanha, mas honestamente, quando se sabe que o The Times costuma ser usado por Bernie Ecclestone para vocalizar as suas "bocas do dia" fica-se a pensar por onde anda a objetividade da imprensa da Velha Albion...

Enfim... Vettel qurixa-se dos imensos botões existentes no volante e dos perigos subsequentes, que os compara com a escrita de SMS ao volante. Nada mais justo, nunca fiz isso e fico espantado por saber que há pessoas que o fazem! Atender o telemóvel já o fiz - e também não é recomendável - mas...

Contudo, o "soundbyte" do dia foi quando disse o seguinte: "A maioria dos pilotos concorda que o excesso de botões no volante dos Fórmula 1 é um problema de segurança. Estamos unidos e se todos acharem que se deve fazer alguma coisa, juntos podemos ser muito poderosos. Penso que podemos mesmo dizer, 'Ok', então não vamos correr. Isso não significa necessariamente que nós tenhamos que fazer greve, pois antes de se chegar a um ponto desses há sempre a possibilidade de chegar a uma solução de consenso com a FIA.", referiu Vettel.

O campeão do mundo não é o primeiro nem será o último a queixar-se do excesso de botões ao volante. Nico Rosberg e Rubens Barrichello já fizeram semelhantes declarações ao longo dos testes de pré-temporada, mas não me recordo de incidentes graves durante este mês que passou. Contudo, agora serão 24 carros em pista ao mesmo tempo, durante três dias, num circuito urbano como Albert Park, e com novas geringonças a serem experimentadas, como as asas moveis e o sistema KERS, mais botões no volante poderão confundir qualquer um e dar azo a distrações fatais para o piloto e o carro.

Contudo, ao agitar a bandeira da greve, Vettel acho que fez isso mais como alerta do que algo que vai acontecer. Não crio que os pilotos, pagos a peso de ouro - ou que trazem uma mala cheia de dinheiro para correr na categoria máxima do automobilismo - cheguem a esse extremo. A última vez que vimos algo parecido foi em 1982, e não foi por causa dos carros, mas sim tinha a ver com aspetos relacionados com a Super-Licença, um braço de ferro entre eles, comandados pelo regressado Niki Lauda e Didier Pironi e a então FISA, comandada por Jean-Marie Balestre. Por pouco não estragavam o GP da Africa do Sul desse ano, mas o bom senso prevaleceu.

Nestas eras agitadas, onde as revoltas grassam um pouco por todo o lado, ver até a Formula 1 a namorar a revolta parece ser um pouco estranho. Mas Vettel tem um ponto: demasiados botões podem fazer muito mal.

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