quarta-feira, 23 de março de 2011

GP Memória - Brasil 1986

O Inverno europeu tinha sido marcado pelo grave acidente de Frank Williams, quando regressava de uma sessão de testes no sul de França. O fundador e dono da equipa tinha se despistado no seu Ford Sierra de aluguer e tinha tido fraturas na coluna cervical, que lhe tinham feito perder a sensibilidade do pescoço para baixo. Quando a equipa rumara ao Brasil para a primeira corrida da época, Frank Williams ainda estava no hospital a recuperar dos ferimentos sofridos.

A equipa tinha tido uma mudança na sua dupla de pilotos. O finlandês Keke Rosberg tinha partido para a McLaren e no seu lugar veio o brasileiro Nelson Piquet, vindo da Brabham, equipa onde tinha estado desde praticamente o inicio da sua carreira. Mas não era a unica grande mudança nas equipas da frente, pois outras tinham acontecido. Na McLaren, com o campeão do mundo Alain Prost, Niki Lauda tinha-se retirado de vez da competição e no seu lugar tinha chegado Rosberg, enquanto que na Lotus, Ayrton Senna tinha como seu novo companheiro de equipa o Barão Crichton-Stuart, de origem escocesa, mas que corrida sob o nome de Johnny Dumfries. Ele tinha sido a segunda escolha da equipa Lotus, depois de Senna ter vetado a chegada de Derek Warwick, que tendo ficado sem emprego com a saida da Renault.

Dumfries chegara para substituir o italiano Elio de Angelis, que partira para a equipa Brabham, que tinha uma dupla totalmente italiana e totalmente nova, já que como companheiro de equipa, tinha sido contratado Riccardo Patrese, que vinha da Alfa Romeo, outra equipa que se tinha ido embora da Formula 1 por manifesta falta de resultados. E as coisas na Brabham prometiam ser novas, radicais mesmo: o seu novo bólido, o BT55, era radical.

Como já se viu, duas equipas de fábrica tinham ido embora da competição: Alfa Romeo e Renault. A Toleman tinha sido comprada pela Benetton no final de 1985 e tinha mudado de nome. Tinha motores BMW Turbo e alinhava com dois carros. Teo Fabi continuava, e como companheiro de equipa tinha o austriaco Gerhard Berger, vindo da Arrows. Outra equipa que se tinha estreado no ano anterior, mas que fazia nesse ano a sua primeira temporada completa era a Haas, que com um chassis fabricado pela Lola e com motores Ford Turbo, tinha o veterano Alan Jones e o francês Patrick Tambay como pilotos.

Quem regressava à Formula 1 nesse ano era René Arnoux, que depois de ser despedido da Ferrari no inicio do ano anterior, era agora companheiro de Jacques Laffite na Ligier-Renault. Com uma dupla veterana ao leme - Arnoux tinha 37 anos, enquanto que Laffite já tinha 42 - a equipa francesa julgava que os resultados do ano anterior poderiam continuar, dado que muitos dos novos elementos da equipa pertenciam à Renault. A Ferrari era a unica equipa dos da frente que tinha mantido os seus pilotos, o italiano Michele Alboreto e o sueco Stefan Johansson.

A Tyrrell era outra equipa com motores Renault e tinha como pilotos o britânico Martin Brundle e o francês Philippe Streiff, que tinha vindo da Ligier. A Minardi, na sua segunda época na Formula 1, passava a ter dois carros e tinha contratado os italianos Andrea de Cesaris e Alessandro Nannini. Na Arrows, Thierry Boutsen mantinha-se na equipa enquanto que recebia um novo companheiro de equipa, o suiço Marc Surer.

Para fechar, a Osella iria correr com motores Alfa Romeo e uma dupla de pilotos, o italiano Piercarlo Ghinzani e o alemão Christian Danner. Já a Zakspeed continuava a correr com um só carro, para o britânico Jonathan Palmer.

Na qualificação, a primeira linha foi totalmente brasileira, com Ayrton Senna a bater Nelson Piquet. Nigel Mansell, no segundo Williams, e René Arnoux, no seu Ligier, ficavam com a segunda fila, enquanto que Jacques Laffite e Michele Alboreto, no seu Ferrari, estavam na terceira. Keke Rosberg ficou com o sétimo tempo superiorizando-se a Stefan Johansson, no segundo Ferrari, enquanto que Alain Prost era o nono na grelha, à frente do Brabham de Riccardo Patrese.

Na partida, Mansell conseguiu partir melhor que Piquet e ficou em cima de Senna e tentou ultrapassá-lo algumas curvas depois, mas o brasileiro fechou a trajetória e o "brutânico" despistou-se e ficou-se por ali. Piquet observou a cena e na terceira volta, foi mais paciente e inteligente e conseguiu tomar-lhe o comando e a afastar-se do piloto da Lotus. Com as voltas a passarem, Piquet afastou-se ao ritmo de um segundo por volta, com Arnoux e Alboreto atrás. Pouco depois, estes trocaram de lugar, mas ambos não puderam fazer muito para parar Alain Prost, que tinha feito uma boa partida e uma corrida de ataque, acabando no terceiro lugar na volta 16.

Na volta 19, Piquet parou para trocar de pneus e na volta seguinte, Senna parou depois de ter sido superado por Prost, que pouco depois, também parou para trocar de pneus. A ordem foi retomada até à volta 30, quando o motor Porsche de Prost rebenta, deixando Piquet e Senna mais à vontade, e Arnoux era agora o terceiro, com Laffite e Dumfries atrás de si. Pouco depois, Arnoux foi ultrapassado por Laffite e Dumfries tinha problemas elétricos, afundando-se na classificação geral.

Na frente, as coisas não mudaram, mesmo com u ma nova paragem nas boxes, e foi assim que ficaram quando a bandeira de xadrez foi mostrada. Piquet vencia na sua primeira corrida ao serviço da Williams, com Senna no segundo lugar e Jackes Laffite a conseguir o seu segundo pódio consecutivo para a Ligier. René Arnoux, o Tyrrell de Martin Brundle e o Benetton de Gerhard Berger ficaram com os lugares pontuáveis.

Fontes:

http://www.grandprix.com/gpe/rr421.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1986_Brazilian_Grand_Prix

1 comentário:

Anónimo disse...

A imagem da raiva de Nigel Mansell atirando o volante pra fora do carro significava que ele tinha perdido uma enorme chance de começar vencendo a etapa brasileira e de ter se "estranhado" novamente com Ayrton Senna. Pela segunda corrida consecutiva, assim como no GP da Austrália (último da temporada de 1985), ambos dividiram a curva com o inglês indo pra fora da pista e abandonando prematuramente também.
Sem o Williams número 5, Alain Prost era o piloto que poderia "atrapalhar" a dobradinha brasileira. O francês largou na 9ª posição e vinha progredindo durante o andamento da prova. A alegria dele durou 30 voltas, quando teve que encostar seu McLaren número 1 com o motor estourado.
Com o francês fora de combate também, a torcida brasileira pôde "respirar" aliviada, porque tanto Nelson Piquet e Ayrton Senna apenas "desfilaram" em Jacarepaguá sem ser ameaçado por um adversário mais ferrenho. Ambos apenas trocaram a liderança na troca de pneus.
A torcida vai ao delírio com a "dupla" vitória brasileira naquela tarde de domingo, 23 de março de 1986.

Notas;

- era a 3ª dobradinha do Brasil na Fórmula 1 (até então);
- com a 14ª vitória, Nelson Piquet empatava com Emerson Fittipaldi (até aquele momento);
- prova de estreia de Alessandro Nannini;
- estreia da equipe Benetton que começou a temporada pontuando com o 6º lugar de Gerhard Berger e
- René Arnoux retornava ao circo com um bom 4º lugar.