Ainda na semana do GP de França, falo de outro dos grandes pilotos que andaram pela Formula 1 naquele período excitante de entre os fins dos anos 60 e o inicio dos anos 70, em que era a grande esperança francesa para alcançar o triunfo mundial, mas que somente ganhou por uma vez. Mas foi no Mónaco, o mais mítico de todos os Grandes Prémios! Foi também um exímio piloto do motos e de Sport-Protótipos, e aos 70 anos, continua atento ao automobilismo. Eis Jean-Pierre Beltoise.
Nasceu a 27 de Abril de 1937 em Paris, e iniciou a sua carreira nas motos. Entre 1961 e 1964, venceu 11 campeonatos de França em motociclismo, nas categorias de 50, 125 e 250 centímetros cúbicos. Participou em oito provas do campeonato do mundo da categoria, mas nunca ganhou. Em 1963, começou a correr em carros, mas um grave acidete durante as 12 Horas de Reims, onde fracturou gravemente um braço. Em 1965 torna-se no primeiro campeão francês de Formula 3, e no ano seguinte vai para a Formula 2, onde se estreia numa competição de Formula 1 no GP da Alemanha, onde normalmente se podiam correr carros de Formula 2. Terminou no oitavo lugar.
Em 1967, vai para a Matra, onde faz um programa de Formula 2, mas com algumas provas na Formula 1, no sentido de desenvolver o motor Matra V12. Participa em três corridas, mas não pontua. No ano a seguir, com Jackie Stewart como companheiro de equipa, as coisas correm melhor: é segundo na Holanda, no seu único pódio da época, e termina o campeonato no nono lugar, com 11 pontos. Nesse mesmo ano, torna-se Campeão Europeu de Formula 2.
Em 1969, é o fiel escudeiro de Jackie Stewart na conquista do título mundial por parte do piloto escocês. Enquanto que ele ganha confortavelmente, Beltoise consegue três pódios, sendo o melhor um segundo lugar em França. Termina o campeonato no quinto lugar, com 21 pontos.
Em 1970, continuando na Matra, depois da saída de Jackie Stewart, Beltoise conseguiu dois terceiros lugares, na Belgica e Itália, alcançando o nono lugar na classificação, com 16 pontos. Por essa altura, os Matras V12 já não eram tão potentes como os Ford Cosworth, e para piorar as coisas, a Matra estava mais ocupada com o seu programa de Sport-Protótipos.
No inicio de 1971, Beltoise viu-se envolvido numa enorme polémica que prejudicou a sua carreira. Durante os 1000 Km de Buenos Aires, o seu carro ficou parado no meio da pista, devido à falta de combustível. Enquanto o empurrava na pista, o seu carro ficou na trajectória do Ferrari 312PB do italiano Ignazio Giunti, que bateu e incendiou-se, matando-o instantaneamente. A CSI (futura FIA) decidiu mais tarde retirar a sua licença temporariamente, fazendo com que falhasse algumas corridas dessa temporada. Resultado: um ponto e o 22º lugar do campeonato.
No ano seguinte, vai para a BRM. A equipa tinha recebido uma injecção enorme de dinheiro, vinda da Marlboro, e Beltoise torna-se no primeiro piloto da equipa. E foi aí que ele faz a corrida da sua vida, no GP do Mónaco. Partindo do quarto lugar na grelha de partida, passa logo para a liderança e aguenta a pessão dos adversários e o piso escorregadio, para conseguir finalmente ganhar o seu primeiro Grande Prémio.
Pensa-se que nesta altura, deve ter sido o primeiro francês a ganhar uma corrida de Formula 1 desde Maurice Trintignant, em 1958. Errado. O seu cunhado já tinha feito isso uns meses antes. Quem era? Francois Cevért!
Contudo, aquela vitória seria a unica vez que pontuaria naquele ano. No final, ficou com nove pontos e o 11º posto da classificação geral. Em 1973, continuou na BRM, onde conseguiu estar regularmente nos pontos, sem chegar ao pódio. No final voltou a acabar o campeonato com nove pontos, mas no 10º lugar.
Em 1974 já se notava o declínio final dos BRM, e vai ser Beltoise a dar à equipa o seu último grande momento, ao acabar em segundo no GP da Africa do Sul, o seu último pódio e o último da equipa, que acabará em 1977. No final da época, decide abandonar, aos 37 anos. A temporada acaba com 10 pontos e o 13º posto da classificação geral.
A sua carreira na Formula 1: 88 Grandes Prémios, em oito temporadas, uma vitória, oito pódios, quatro voltas mais rápidas, 77 pontos no total.
Depois da Formula 1, foi piloto de testes da Ligier, nos seus primeiros tempos, e dedicou-se ao campeonato francês de Turismos, onde foi bi-campeão nacional em 1976 e 1977, a bordo de um BMW. Mais tarde, fez uma incursão pelo rallycross, a bordo de um Renault Alpine, e na década de 1980, voltou aos Turismos franceses, correndo pela Peugeot. Hoje em dia encontra-se retirado da competição, vendo o seu filho Anthony Beltoise a correr nos Turismos franceses, tendo feito uma incursão este ano no WTCC na corrida de Pau, a bordo de um Seat.
Para finalizar, algo interessante: graças à sua amizade com Jean Graton, o criador da série Michel Vaillant, Beltoise participou em imensas histórias da série, sendo um fiel companheiro de equipa nas equipas Vaillante de Formula 1 e Sport-Protótipos, participando na Formula 1 e nas 24 Horas de Le Mans... na ficção.
Sem comentários:
Enviar um comentário