A Matra foi uma marca de automóveis fundada em 1947 e desaparecida em 2003, e o nome é somente a sigla para "Mécanique Avion TRAction". Foi um grande grupo, que sob a direcção de Jen-Luc Lagardére (1928-2003) englobou vários sectores como da alta tecnologia e defesa, e nos anos 90 chegou a ser um largo grupo editorial em França. Nos anos 60, a Matra decide envolver-se no automobilismo, quando compra a Automobiles René Bonnet. Nessa altura, a firma construia um carro feito de fibra de vidro, o Bonnet Djet, com um motor Renault. A marca escolheu esse nome porque ninguém em França conseguia dizer a palavra "Jet"...
Quando a Matra compra a Bonnet, em 1963, o carro é rebaptizado de Matra Djet, e torna-se num sucesso, pois era dos poucos carros desportivos a serem fabricados em França. Lagardére usa os recursos da marca para se aventurar no automobilismo, e em 1964, começa a fabricar chassis para a Formula 3 e Formula 2, vencendo o campeonato francês e o europeu. Em 1967, começa a experimentar a Formula 1, desenhando um chassis experimental, o modelo MS7 com motores Ford de quatro cilindros em linha, pilotados por Johnny Servoz-Gavin e Jean-Pierre Beltoise. Em 1968, a Matra tinha criado o seu motor V12, com o seu ruido característico, enquanto que o seu director-desportivo, o britânico Ken Tyrrell, traz o seu protegido Jackie Stewart, da BRM. Com o chassis MS10, e sob o nome de Matra International, ganha três corridas, e é o maior rival de Graham Hill nessa temporada. Para além de Strewart e Beltoise, a Matra tinha inscritos mais dois carros, para Servoz-Gavin e para outro jovem francês, chamado Henri Pescarolo.
Vendo o sucesso da equipa nessa primeira temporada a tempo inteiro, Lagardére decide tomar uma decisão radical: retira a Matra Sports, e retêm a Matra International, com o motor Ford Cosworth, e Stewart e Beltoise como pilotos. Assim sendo, começam a desenhar o sucessor do MS10: o Matra MS80.
O MS80 foi o primeiro carro a ser projectado com vista a incluir os aerofólios dianteiros e traseiros, que tinham surgido no ano anterior. O chassis foi também o primeiro a incluir inegralmente no seu chassis o motor Ford Cosworth DFV, de três litros, que tinha uma potência declarada de 440 cavalos, às 9200 rotações por minuto. Com uma forma de "garrafa de coca-Cola", que depois foi seguida noutros chassis, os depósitos de combustível foram colocados em cada um dos lados do piloto, pois o seu tamanho era maior algo, devido ao maior consumo proporcionado pelo motor Cosworth DFV. A frente do carro era feita de fibra de vidro, que permitia a sua substituição em caso de dano, pelos mecânicos, o que fazia com que o carro fosse 15 quilos mais leve que o chassis MS10.
O chassis estreou-se oficialmente na Corrida dos Campeões, em Brands Hatch, uma corrida extra-campeonato, onde Jackie Stewart ganhou, e a primeira corrida a contar para o Campeonato do Mundo, foi o GP do Mónaco de 1969, e foi o primeiro a adaptar-se aos novos regulamento em relação às asas dianteiras e traseiras, criada após os incidentes de Montjuich, palco do GP de Espanha daquele ano, onde ambos os Lotus, de Graham Hill e Jochen Rindt se despistaram, vitimas da fragilidade das asas instaladas, perante as fortes cargas aerodinâmicas que existiam em certos sitios do circuito... nessa corrida, Stewart fez a pole-position e a volta mais rápida, mas não terminou a corrida devido a problemas mecânicos.
Mas nas três provas seguintes, Holanda, França e Grã-Bretanha, Stewart foi sempre o vencedor, rumando decididamente para o seu primeiro título mundial, e o primeiro de Ken Tyrrell. Depois de um segundo lugar na Alemanha, ganha pelo Brabham de Jacky Ickx, Stewart venceu uma quarta vez, em Monza, numa chegada ao milímetro contra o seu rival (e amigo pessoal) Jochen Rindt. Com este carro, o piloto escocês conseguiu 46 dos 63 pontos que obteve, para ser campeão do Mundo, e dando o título de construtores à Matra. O seu companheiro de equipa, Jean-Pierre Beltoise, contribuiu com este chassis, mais 20 pontos para a marca, mesmo quando teve que ensaiar ocasionalmente para o mal-sucedido projecto MS84, de quatro rodas motrizes.
Contudo, Stewart e Tyrrell contrubuiram para o primeiro sucesso internacional da Matra, mas apenas o chassis era francês, sendo o resto de origem inglesa. Quando no final de 1969, Lagardére pediu a Tyrrell para usar o motor Matra V12 no seu projecto, ele ficou na dúvida: para continuar a ter chassis Matra, tinha que abandonar a Ford, pois a marca francesa tinha feito uma aliança com a Simca, que estava associada à Crysler, rival da Ford. Como Tyrrell e Stewart eram apoiados pela Ford, e como tinham experimentado o Matra V12, e acharam o motor pouco potente, e com uma banda de rotações muito estreita, decidiram terminar a parceria e procurar outro chassis. No inicio de 1970, tinha feito contrato com uma nova marca, a March, mas já estava no horizonte a construção dos seus próprios chassis...
Chassis: Matra MS80
Motor: Cosworth DFV V8, de 3 Litros.
Chassis: Matra MS80
Motor: Cosworth DFV V8, de 3 Litros.
Pilotos: Jackie Stewart e Jean-Pierre Beltoise.
Corridas: 9
Vitórias: 4 (Stewart 4)
Vitórias: 4 (Stewart 4)
Pole-Positions: 2 (Stewart 2)
Voltas Mais Rápidas: 5 (Stewart 4, Beltoise 1)
Pontos: 66 (Stewart 46, Beltoise 20)
Títulos: Campeonato do Mundo de Pilotos (Jackie Stewart) e de Construtores de 1969.
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