Gostos não se discutem, é verdade. Mas há ocasiões em que não se pode ficar calado. Sou leitor assíduo do site brasileiro Grande Prêmio e gosto de ler os artigos do Renan do Couto, que é um excelente profissional, apesar da sua pouca idade (têm 22 anos). Portanto, ao ler a sua matéria sobre o Red Bull camuflado e os dez carros com pinturas marcantes, vi que ali há erros fatais. Posso pensar que poderá ser uma provocação, semelhante a aquelas que existem para saber quem é o melhor piloto do mundo, posso também pensar que será a sua pouca idade e o facto de ter visto a Formula 1 bem depois de mim, por exemplo, que tenha influenciado a sua mente, porque, bem vistas as coisas, o mais antigo têm 40 anos, e é porque é a mesma pintura que é usada pela Williams em 2014.
Assim sendo, e como o Flávio Gomes já começou a pedir ao pessoal quais são as dez mais marcantes, também vou fazer esse exercício estético e tentar explicar porque é que temos de ver tudo da forma mais vasta possível. Só que vou alargar dos dez... para os quinze desenhos marcantes, que abrange um leque mais vasto. O critério é o ano de 1968, onde as equipas ficaram libertas dos constrangimentos das cores nacionais, e onde Colin Chapman, num lance de génio, procurou a Imperial Tobacco e arranjou um acordo para pintar o seu carro com as cores do maço de cigarros. Aliás, podemos começar por aí.
Como já disse, Colin Chapman, quando soube da abolição das cores nacionais, decretada pela FIA e a entrar em vigor logo em janeiro de 1968, foi a correr para a sede da Imperial Tobacco, em Londres, e pediu um acordo de patrocinio, oferecendo os seus carros de Formula 1, Formula 2 e Formula 3. O acordo ficou-se em cerca de 30 mil libras por temporada - um grande acordo nessa altura - e os Lotus 49 foram pintados com as cores vermelho e dourado a tempo de participar na Tasman Cup, com Jim Clark e Graham Hill ao volante.
Clark ainda correu com o verde e amarelo em Kyalami, palco da sua 25ª e última vitória na Formula 1, mas já estava com o Gold Leaf no seu carro quando teve o seu acidente fatal, em Hockenheim, a 7 de abril desse ano. Os carros ficaram elegantes, nas mãos de pilotos como Hill, Jackie Oliver, Jochen Rindt, John Miles, Emerson Fittipaldi ou Reine Wissell. E claro, houve retorno: Hill foi campeão, em 1968, e o austriaco em 1970, mesmo depois de morto. Em 1972, a Imperial Tobacco decidiu promover outra marca do seu lote, substituindo a Gold Leaf pela John Player Special, e os seus carros ficaram negros e dourados.
Na realidade, esta é a cor oficial do laranja que os McLaren começaram a andar em 1968. Bruce McLaren, o seu fundador, andava a encontrar a cor ideal desde 1966, começando pelo negro e branco, e depois por um vermelho com uma faixa castanha, até que no GP de Espanha de 1968, o seu carro e o de Dennis Hulme, o campeão do mundo em título, se tenha decidido pelo laranja. Na realidade, a fama dessa cor nem é da Formula 1, mas sim da Can-Am, onde os modelos McLaren eram dominantes, nas mãos de McLaren, Hulme e dos americanos Dan Gurney, Peter Revson e George Follmer. A temporada de 1969 foi tão dominante que se chamou de "The Bruce and Denny Show".
Na Formula 1, foi com os carros laranjas que Bruce McLaren conquistou a sua primeira vitória da marca, em Spa-Francochamps, e foi assim até 1972, quando apareceu a Yardley. Mas mesmo assim, os carros eram brancos e laranjas, até ao final da temporada de 1973. Em 1974, enquanto que um novo patrocinador os obrigou a pintar de vermelho e branco, mas também deixou a sua marca, o terceiro carro da equipa usava o laranja e branco da Yardley, e era guiado pela lenda das motos, o britânico Mike Hailwood.
A firma de bebidas espirituosas italiana já existe desde 1863, mas a sua participação no automobilismo acontece no final dos anos 60, quando patrocina os Porches da Endurance. Depois de vencer as 24 horas de Le Mans, em 1971, com o austriaco Helmut Marko e o holandês Gijs van Lennep ao volante, passa para a Formula 1 nas mãos da Tecno, que se estreia na Formula 1 nas mãos de Nanni Galli. No final de 1973, sai de cena, depois do fracasso da equipa, e só volta em 1975 nos flancos dos Brabham BT44 de Carlos Reutemann e José Carlos Pace.
Na Brabham, os resultados são ótimos, com duas vitórias, uma para o argentino, outra para o brasileiro, em Interlagos. Porém, a troca dos Cosworth pelos flat-12 da Alfa Romeo (e a mudança de cor de branco para vermelho) torna-se num pesadelo, e no final da temporada de 1977, depois de duas temporadas sem vitórias, decidem sair de cena.
Em 1979, regressam à Formula 1, e logo na equipa campeã do mundo, a Lotus, com o seu modelo 79. mas a temporada é decepcionante e no final do ano, com a chegada da petrolifera Essex, abandonam a Formula 1 e na década seguinte, concentram as suas atenções na Endurance e nos Ralis.
O regresso à Formula 1 acontece a meio da década passada, e é discreto, nas mãos da Ferrari, que nessa altura é a campeã do mundo, nos carros de Michael Schumacher e Felipe Massa. Não ficam muito tempo e o regresso acontece em 2014, nas mãos da Williams, e como patrocinador "master". E o regresso coincide com o reavivar da marca de Grove, às mãos de Massa e do finlandês Valtteri Bottas, depois de uma temporada para esquecer.
Em 1979, regressam à Formula 1, e logo na equipa campeã do mundo, a Lotus, com o seu modelo 79. mas a temporada é decepcionante e no final do ano, com a chegada da petrolifera Essex, abandonam a Formula 1 e na década seguinte, concentram as suas atenções na Endurance e nos Ralis.
O regresso à Formula 1 acontece a meio da década passada, e é discreto, nas mãos da Ferrari, que nessa altura é a campeã do mundo, nos carros de Michael Schumacher e Felipe Massa. Não ficam muito tempo e o regresso acontece em 2014, nas mãos da Williams, e como patrocinador "master". E o regresso coincide com o reavivar da marca de Grove, às mãos de Massa e do finlandês Valtteri Bottas, depois de uma temporada para esquecer.
4 - Marlboro (1972 até hoje)
Muitos conhecem a tabaqueira Marlboro da mcLaren. Mas o seu começo é bem discreto. Mais concretamente... no fato de competição de Jo Siffert, em 1970, quando este competia na March. ela veio em força dois anos depois, na BRM, e certamente com alguma ajuda do piloto suiço, que infelizmente, não viveu para ver isso acontecer, já que a sede europeia era em terras suiças. A equipa britãnica decidiu ser excêntrica, chegando a alinhar com... cinco carros, entre oficiais e oficiosos. Helmut Marko, por exemplo, era patrocinado pela sua representante austriaca.
Contudo, a Marlboro mudou-se para a McLaren em 1974, e lá ficou por 22 anos, um dos mais longos de sempre. Venceu títulos com Emerson Fittipaldi (1974), James Hunt (1976), Niki Lauda (1984), Alain Prost (1985-86 e 1989) e Ayrton Senna (1988, 1990-91) e ajudou a equipa a vencer oito mundiais de Construtores. Pelo meio, entre 1980 e 1983, patrocinou a Alfa Romeo, correndo com pilotos como Patrick Depailler, Bruno Giacomelli, Andrea de Cesaris e Mauro Baldi.
A Marlboro viu a McLaren a trocar dos motores Cosworth para os TAG-Porsche Turbo, depois os Honda, os Peugeot e por fim os Mercedes, até ir embora no final de 1996, aparentemente de costas voltadas um com o outro. Talvez isso explique o desaparecimento do patrocinador em todos os carros da marca no museu, em Woking...
Assim sendo, ela foi para o seu maior rival, a Ferrari, onde já estava desde meados da década de 1980 como um dos patrocinadores, mas a sua importância foi elevada em 1997. E ali, ganhou mais títulos com Michael Schumacher (2000-2004) e Kimi Raikkonen (2007), e apesar da proibição explicita da publicidade ao tabaco, ainda faz parte da Scuderia, já que oficialmente é "Scuderia Marlboro Ferrari".
Muitos conhecem a tabaqueira Marlboro da mcLaren. Mas o seu começo é bem discreto. Mais concretamente... no fato de competição de Jo Siffert, em 1970, quando este competia na March. ela veio em força dois anos depois, na BRM, e certamente com alguma ajuda do piloto suiço, que infelizmente, não viveu para ver isso acontecer, já que a sede europeia era em terras suiças. A equipa britãnica decidiu ser excêntrica, chegando a alinhar com... cinco carros, entre oficiais e oficiosos. Helmut Marko, por exemplo, era patrocinado pela sua representante austriaca.
Contudo, a Marlboro mudou-se para a McLaren em 1974, e lá ficou por 22 anos, um dos mais longos de sempre. Venceu títulos com Emerson Fittipaldi (1974), James Hunt (1976), Niki Lauda (1984), Alain Prost (1985-86 e 1989) e Ayrton Senna (1988, 1990-91) e ajudou a equipa a vencer oito mundiais de Construtores. Pelo meio, entre 1980 e 1983, patrocinou a Alfa Romeo, correndo com pilotos como Patrick Depailler, Bruno Giacomelli, Andrea de Cesaris e Mauro Baldi.
A Marlboro viu a McLaren a trocar dos motores Cosworth para os TAG-Porsche Turbo, depois os Honda, os Peugeot e por fim os Mercedes, até ir embora no final de 1996, aparentemente de costas voltadas um com o outro. Talvez isso explique o desaparecimento do patrocinador em todos os carros da marca no museu, em Woking...
Assim sendo, ela foi para o seu maior rival, a Ferrari, onde já estava desde meados da década de 1980 como um dos patrocinadores, mas a sua importância foi elevada em 1997. E ali, ganhou mais títulos com Michael Schumacher (2000-2004) e Kimi Raikkonen (2007), e apesar da proibição explicita da publicidade ao tabaco, ainda faz parte da Scuderia, já que oficialmente é "Scuderia Marlboro Ferrari".
No final de 1971, a Imperial Tobacco trocou de marca tirando a Gold Leaf e colocando a John Player Special, que queria promover na altura. Os carros foram pintados para negro, com uma faixa dourada, e o impacto foi imediato, fazendo parte do imaginário de toda uma geração. Nas mãos de Emerson Fittipaldi, ele venceu o título em 1972, e no ano seguinte, continuou a brilhar com o brasileiro e o seu novo companheiro de equipa, o sueco Ronnie Peterson. Em 1976, surgiu o americano Mário Andretti, e com as dificuldades dos carros desenhados por Champan (o sucessor do modelo 72, o 76 foi um fracasso), só em 1976 é que voltou aos triunfos, com a aplicação do efeito solo, que teve o seu auge com o modelo 79, em 1978, que deu ambos os títulos à marca de Hethel.
Contudo, quando eles regressam a meio de 1981, a Lotus vivia um tempo de turbulência. Chapman tinha experimentado o modelo 88, de chassis duplo, e banido pela FIA, e os seus novos recrutas, o britânico Nigel Mansell e o italiano Elio de Angelis, não conseguiam colocar o carro na frente tantas vezes quanto queriam. Chapman só viu mais uma vitória, com De Angelis, antes de morrer, no final de 1982, e somente em 1985, com os motores Renault turbo montados, é que regressam às vitórias, graças ao brasileiro Ayrton Senna.
A Ligier é obra e graça de um ex-jogador de rugby e piloto de Formula 1, Guy Ligier. Um construtor civil que enriquece graças aos seus contactos nos sucessivos governos da V República francesa, desde de Gaulle até Mitterrand, em meados dos anos 70, compra a equipa da Matra e decide entrar na Formula 1 em 1976, com um chassis desenhado por Gerard Ducarouge e com a ideia de uma "Écurie de France", tal como tinha sido a Matra, dez anos antes, com os seus V12.
Pela marca passou a fina flor dos pilotos franceses: Jacques Laffite, Patrick Depailler, Didier Pironi, René Arnoux, Jean-Pierre Jarier, Jean-Pierre Jabouille e Patrick Tambay, entre outros.
A Gitanes era marca lançada pela SEITA, a sociedade nacional dos tabacos franceses, e naturalmente ficou nos carros da Ligier durante as 19 temporadas seguintes, assistindo à ascensão e ao declinio da equipa, primeiro com motores Matra, passando pelos Cosworth, e depois pelos Renault turbo, com passagens pela Judd e os V12 da Lamborghini. No final de 1994, a Gitanes é trocada pela Gauloises, e coincide com a altura em que Ligier vende a equipa e Flávio Briatore, antes de dois anos depois, Alain Prost comprá-la e dar o seu nome, prolongando a marca até 2001.
Em 1977, Frank Williams estava a recomeçar do zero. Despedido da sua equipa no final do ano anterior por Walter Wolf, conheceu Patrick Head e juntos decidiram fazer uma parceria para a vida. Adquiriram um chassis March nessa temporada e souberam que um grupo de árabes estavam dispostos a patrocinar uma equipa. Ambos se esforçaram para isso e no final desse ano, tinham dinheiro mais do que suficiente para construir o seu próprio chassis, o FW06. Alan Jones, vindo da Shadow, foi o piloto escolhido, e em ano e meio, tornou-se numa equipa vencedora, graças ao chassis seguinte, o FW07.
O patrocinador era saudita, logo, um país muçulmano, com estritas leis anti-alcool. quando Clay Regazzoni venceu o GP britânico, em Silverstone, não celebrou com champanhe. E a mesma coisa aconteceu com Alan Jones, quando venceu a corrida seguinte, na Alemanha.
No ano seguinte, em 1980, a Williams dominou o campeonato e Jones deu ambos os campeonatos à equipa de Grove. A parceria vencedora continuaria nos anos seguintes, com Jones, o argentino Carlos Reutemann e o finlandês Keke Rosberg, que em 1982, depois de um ano sem pontos na Fittipaldi, acabou por ser um improvável campeão do mundo com o FW08. A parceria continuou até ao final de 1984, altura em que a equipa já tinha os motores Honda turbo.
A tabaqueira anglo-sul-africana Rothmans apareceu de modo discreto na Formula 1. A sua primeira aparição data de 1977, quando o March de Ian Scheckter, irmão mais velho de Jody Scheckter, fez a sua aparição na categoria máxima do automobilismo, sem grandes resultados. A mesma coisa aconteceu cinco anos depois, quando os March de Raul Boesel e Jochen Mass tinham os patrocínios da tabaqueira.
Após isso, tiveram mais sucesso nos Porsches do Grupo C, na Endurance, sendo os patrocinadores oficiais da marca. Pilotos como Jacky Ickx, Derek Bell, Jochen Mass, Stefan Bellof, entre outros, venceram com esses carros. Pelo meio, houve participações nos ralis, com Ari Vatanen e Walter Rohrl a vencerem campeonatos do mundo com as suas cores.
O regresso à Formula 1 voltou a acontecer em 1994, e logo na Williams, que dominava o campeonato com os motores V10 da Renault. Ayrton Senna e Damon Hill pilotaram os carros com essas cores, mas as coisas começaram mal com o acidente mortal de Senna em Imola. Mas a partir dali, os títulos apareceram com Hill e o canadiano Jacques Villeneuve, filho de outra lenda do automobilismo, Gilles Villeneuve. Também outro piloto que correu com as suas cores foi o escocês David Coulthard, e Nigel Mansell venceu pela ultima vez na sua carreira com um carro com as cores da tabaqueira. Após o campeonato vencido por Villeneuve, foram substituidos de vez pela Winfield.
(continua amanhã)
3 comentários:
Paulo,
até aqui endosso a lista e gostaria de destacar também, para mim, o Copersucar F6 e o Lotus 80...
aguardo a próxima lista...
abs...
Faltou a Camel. ..
Ilustre patrocinador da Lotus e campeão com a Williams FW14 de 1992 ;)
Esta na segunda parte, Rodolfo.
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