quinta-feira, 26 de maio de 2016

Noticias: Familia Bianchi vai processar a FIA

A família de Jules Bianchi anunciou esta quinta-feira que vai processar a FIA, a FOM e a Marussia para pedir responsabilidades nas circunstâncias do seu acidente mortal, ocorrido no dia 5 de outubro de 2014, no circuito de Suzuka. Confesso que já tinha ouvido rumores sobre essa hipótese desde o final do ano passado - e falei sobre isso na altura - mas parece que só agora é que se concretizaram.

Bianchi - que acabou por morrer no dia 17 de julho do ano passado, aos 25 anos de idade, sem nunca recuperar a consciência - foi a primeira morte a acontecer na Formula 1 após os eventos do fim de semana de 1º de maio de 1994, em Imola. O processo foi entregue a uma firma de advogados britânica, a Stewarts Law, que está encarregue de tramitar o processo nos tribunais britânicos.

"A família do piloto Jules Bianchi anunciou hoje que pretende tomar medidas legais na Grã-Bretanha relativas aos ferimentos fatais sofridos por Jules Bianchi numa colisão violenta com um trator no Grande Prêmio do Japão de 2014, em Suzuka", começa por dizer a declaração feita pela firma de advogados.

"As cartas [enviadas para a FIA, Marussia e à Formula One Group] explicam por que a família Bianchi sente que as ações de uma ou mais dessas partes, entre outros, poderão ter contribuído para o acidente fatal de Jules e convidá-os a aceitar que foram cometidos erros no planeamento, tempo, organização e realização da corrida, que teve lugar em condições perigosas durante a temporada de tufões no Japão".

Philippe Bianchi, pai de Jules, afirmou: "Buscamos justiça para Jules, e queremos estabelecer a verdade sobre as decisões que levaram ao acidente do nosso filho no Grande Prémio do Japão de 2014. Como família, existem muitas perguntas sem resposta e sentimos que quer o acidente de Jules, quer a sua morte, poderiam ter sido evitados se não tivessem sido cometidos uma série de erros."

Julian Chamberlayne, representante a família Bianchi, afirmou: "A morte de Jules Bianchi era evitável. O relatório do painel inquérito da FIA para este acidente fez numerosas recomendações para melhorar a segurança na Fórmula 1, mas não conseguiu identificar os erros tinham sido feitos e que levaram à morte de Jules.

"Foi surpreendente e angustiante para a família Bianchi que o painel da FIA, nas suas conclusões, embora registando um número de fatores que contribuíram para o seu desfecho, culpou Jules. A família Bianchi determinou que este processo legal [deve acontecer para] exigir os envolvidos o fornecimento de respostas e assumir a responsabilidade por quaisquer falhas.

"Isto é importante para que os pilotos atuais e futuros tenham confiança de que a segurança no seu desporto será sempre colocado em primeiro lugar. Se isso tivesse sido o caso em Suzuka, Jules Bianchi provavelmente ainda estar vivo e competir no desporto que ele amava", concluiu.

Entretanto, o antigo responsável médico da FIA, Dr. Gary Hartstein, decidiu escrever no seu blog numa carta aberta à família de Jules Bianchi, oferecer os seus serviços de perito para ajudar no processo que moveram, afirmando mais uma vez que a FIA cometeu falhas graves no procedimento de transferência do piloto do circuito para o Hospital Universitário de Mie, não muito longe do circuito. Segundo ele conta, a impossibilidade do helicóptero de se descolar do circuito por causa das condições meteorológicas - recorde-se, aquela área estava a ser afetada por um tufão - pode ter sido um fator decisivo no desfecho deste caso.

(...) o elemento crucial no que diz respeito a tragédia de Suzuka reside no fato de que as condições meteorológicas impediam o uso do helicóptero médico. À medida que as minutas das inúmeras reuniões da Comissão Médica da FIA irão confirmar, os regulamentos dos helicópteros médicos são um assunto constante de debate e preocupação.

"De acordo com os regulamentos em vigor (de autoria do próprio Delegado Médico), nas condições em Suzuka naquele dia, com o helicóptero de evacuação médica em terra, a única maneira que a corrida poderia ter continuado é se tivesse sido demonstrado que a evacuação por terra para o hospital designado demorasse pelo menos 20 minutos. Eu não preciso lembrar que, na verdade, esta transferência levou 45 minutos, mais do dobro do tempo permitido", declarou.

Hartstein acredita que este caso poderá mostrar a público algumas das preocupações que muitos delegados médicos estão a ter em relação aos procedimentos de evacuação por parte da FIA, que afirma se terem degradado ao longo dos últimos anos.

"Outros fatos podem ser levantados, não diretamente relevantes para este caso, mas sim para alertar para a falta de experiência no atendimento ao trauma pré-hospitalar. Uma das mais importantes seria a estratégia de desencarceramento por parte da FIA. Esta estratégia é tão desatualizada com a prática corrente que vários diretores médicos de circuitos de Formula 1 já mostraram a sua preocupação que, caso sigam os próprios regulamentos da FIA, eles ficarão em risco de seguir práticas irregulares por causa dos desvios do padrão médico atual. Isto é tão crítico que alguns têm mesmo ido a público registar as suas preocupações", concluiu.

Veremos no que vai dar. Espera-se justiça neste caso, mas temo que haja uma espécie de acordo monetário ou algo assim para que a FIA evite um julgamento público ou algo semelhante, dado o seu comportamento em relação a casos anteriores. Lembram-se como Bernie Ecclestone resolveu o caso de corrupção que tinha premente na justiça alemã, em 2014, referente aos direitos televisivos? Pois é, veremos se a familia Bianchi resistirá aos camiões de dinheiro que a FIA irá oferecer...

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