segunda-feira, 20 de outubro de 2025

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Desde que Roberto Moreno conseguiu reingressar na Formula 1 a tempo inteiro, em 1989, as suas equipas eram sempre do fundo do pelotão. Primeiro, a Coloni, depois, a Eurobrun, em 1990. Das 30 entradas na pré-qualificação, nessas duas temporadas, só entrou em seis corridas, e o seu melhor resultado foi um 13º posto em 1990, na corrida de Phoenix, a primeira pela Eurobrun. 

Depois de ter conseguido o título da Formula 3000 em 1988, mostrando a sua rapidez com orçamentos muito baixos, era essa a sua vida na Formula 1. E quando a Eurobrun decidiu não ir às corridas do Japão e da Austrália, parecia que a sua presença na categoria máxima do automobilismo tinha acabado. Até ao dia em que recebeu um telefonema do Reino Unido para saber se poderia ir fazer um banco só para ele numa das grandes equipas. Ele apareceu rapidamente, e sentou-se sem problemas no banco. Enquanto faziam tal coisa, contaram-lhe o motivo: ele iria correr para eles nas provas finais da temporada. Claro, ficou espantado. Afinal de contas, iria correr na Benetton ao lado do seu amigo dos tempos de Brasilia, Nelson Piquet

Aos 31 anos, Roberto Moreno já consolidava a sua reputação de "super-sub". E a primeira vez fora quase uma década antes, em 1982, quando foi correr para a Lotus. Mas aí foi uma armadilha: piloto de testes da Lotus, foi substituir Nigel Mansell depois de ele ter fraturado o pulso no GP do Canadá. Na altura, Moreno corria na Formula 3 britânica e europeia - iria ganhar no final do ano o GP de Macau - e teve a chance de entrar no Lotus 91, ao lado de Elio de Angelis. Nunca encontrou o passo e foi o último na qualificação, a quase sete segundos da pole-position, feita pelo Renault de René Arnoux

A sua segunda chance aconteceria cinco anos depois, com a AGS, quando foi correr as duas últimas corridas do ano, conseguindo um sexto lugar na Austrália, aproveitando a desclassificação do Lotus de Ayrton Senna, por causa de irregularidades nos seus travões. Ele pensava que, com isso, iria conseguir um lugar a tempo inteiro em 1988, mas isso não aconteceu. Daí ter ido para a Formula 3000, ter ganho quatro corridas pela Bromley Motorsport e acabado campeão. Nada mau para quem tinha sido vice-campeão de Formula 2 em 1984, pela Ralt.

Mas se velocidade tinha, dinheiro havia pouco. Os donos de equipa sabiam onde ir buscar alguém que era rápido e barato, e ele correspondia. A única coisa que se pode admirar é porque conseguiu a alcunha que tem quando foi correr nos Estados Unidos, começando em 1985, com uma temporada completa no ano seguinte, antes de regressar à Europa e tentar o seu sonho da Formula 1. 

E agora, há 35 anos, nas vésperas do GP do Japão, em Suzuka, nem fez feio: nono na grelha, meio segundo mais lento que Piquet, embora tenha sido 3,5 segundos mais lento que o McLaren de Ayrton Senna. Mas ele tinha um motor "do outro mundo"...   

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