Quem se recorda mais ou menos o que foi a qualificação do GP do Japão de 1990, sabe que Ayrton Senna queria que tivessem movido o lugar onde ele iria acontecer, da esquerda, para a direita. Ele reclamou afirmando que, sendo um lugar mais sujo em termos de uso dos carros, ele teria desvantagem na partida. E culpava a FISA e o senhor Jean-Marie Balestre pelo sucedido.
Contudo, havia outras coisas que Senna não contava nesse caso. Duas, pelo menos. A primeira era mais técnica: a Ferrari tinha conseguido uma vantagem sobre a McLaren do qual eles demorariam a ter, que era o controlo de tração. Os 641 tinham-no desde, pelo menos o GP de Portugal, e usavam-no sem problemas. Isso ajudou na recuperação quer de Alain Prost, quer de Nigel Mansell - tinham ganho as duas corridas ibéricas da temporada - e agora, o francês estava a uma distância real de apanhar o piloto brasileiro.
Mas as armas estavam apontadas na questão da grelha. Ora, esse argumento tinha um defeito: o lugar estava lá desde o regresso da Formula 1 ao Japão, em 1987. Senna tinha acabado de fazer a sua terceira pole seguida, e teve problemas nas largadas por motivos diferentes: em 1988, o seu motor afogou-se, no ano seguinte, Prost largou melhor.
Senna poderia ter feito essa reclamação antes, e não nessa altura. Levou ao engano muita gente, julgando que eles tinham mudado a posição antes de 1990, mas isso não aconteceu.
Claro, pergunta-se: sabendo disto tudo, ele estaria a avisar que faria o que fez no dia seguinte? Bem, ele tinha os eventos de 1989 na sua cabeça, e não queria perder novamente mais uma hipótese de título. Ainda mais que, nessa temporada de 1990, nem tenha feito tantos estragos auto-infingidos como na temporada anterior...
Uma coisa era certa: quem acordasse na madrugada do dia seguinte, sabia perfeitamente que iria ser mais uma corrida de tensão entre dois pilotos que queriam muito ganhar e não cederiam um milimetro.


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