sexta-feira, 24 de outubro de 2025

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Este é o fim de semana do GP do México, mas o que só os mais entendidos do automobilismo sabem é que hoje, há precisamente 60 anos, e precisamente no final da era dos 1,5 litros, a Honda vencia pela primeira vez, sendo a primeira marca não-europeia e não-americana a ganhar um Grande Prémio, com um piloto que também se estrava na galeria dos vencedores: o americano Richie Ginther

A história da Honda é sabida: nascida das cinzas da II Guerra Mundial - foi fundada em 1946 por Sohichiro Honda - fabricou motos com imenso sucesso até que em 1962, decidiu lançar o seu primeiro automóvel, o Honda 600. Ao mesmo tempo, a marca também deu um passo ousado rumo à competição, ou seja... a Formula 1. Com base europeia em Zandvoort, nos Países Baixos, o carro, que viria a ser o RA271, começou a ser desenvolvido para entrar na temporada de 1964. Seguindo os passos da BRM e claro, Ferrari, construiu o seu próprio motor e chassis, e acabou por se estrear no GP da Alemanha de 1964, logo no Nurburgring Nordchleife, com o americano Ronnie Bucknum ao volante. Acabou na 13ª posição, muito longe dos primeiros, mas eles estavam lá, e sabiam que o caminho iria ser longo, mas lá chegariam.

Em 1965, construíram o RA272, a continuação do chassis anterior, e tinha um motor de 1,5 litros que debitava 240 cavalos, embora o objetivo deles fosse de 270 cavalos - daí o "272" no código do chassis. A Bucknum, juntou-se outro americano, com experiência na Formula 1: Richie Ginther, com passagens por Ferrari, Cooper e BRM, entre outros. 

O carro à partida era pesado - tinha um V12, e ao todo, tinham 525 quilogramas, mas no final da temporada, tinham conseguido fazer uma "cura de emagrecimento", passando a ter 495 quilos, o seu grande objetivo. O sistema de refrigeração foi melhorado, mexeu-se no centro de gravidade, o motor foi mexido no seu lugar em 100 milímetros, o que, aliado com o novo centro de gravidade, fez com que andassem entre os da frente: Lotus, BRM e Ferrari. 

É evidente que estas modificações vieram tarde para contrariar o domínio da Lotus e do seu piloto, Jim Clark, que ganhou o seu segundo título mundial com seis vitórias em seis corridas, dominando a temporada. Mas a Honda, que tinha conseguido apenas dois pontos ao longo do ano - dois sextos lugares em Spa e Zandvoort - ainda queria mostrar os seus desenvolvimentos ao mundo. E mostrou logo na qualificação quando colocou os seus dois carros nos dez primeiros da grelha - Ginther em terceiro - a menos de um segundo do poleman, Jim Clark - e Bucknum em décimo. 

A corrida começou com Ginther a largar bem e a ficar com a liderança no final da primeira volta, para depois... não a largar. Clark ficou sem motor na oitava volta, e o americano era perseguido pelos BRM de Graham Hill e do novato Jackie Stewart. Mas ao longo da corrida, esses carros começaram a ter problemas. Stewart desistiu na volta 35, com problemas de embraiagem, e Hill na 56ª passagem pela meta, quando o motor explodiu.

No final, Ginther teve de aguentar os ataques do Brabham de Dan Gurney, que acabou com quase três segundos de atraso, mas valeu a pena: na última corrida da classe de 1,5 litros, Ginther conseguia ali a sua primeira vitória na Formula 1 e algo a celebrar para a Honda, que ainda conseguiu mais dois pontos, quando Ronnie Bucknum acabou a corrida na quinta posição, a uma volta do vencedor. 

Ambos os pilotos continuariam na temporada de 1966, com o novo motor V12 de 3 litros, mas isso vai mais além do que se fala hoje. Contudo, há 60 anos, na altitude mexicana, a Honda fazia história na Formula 1.  

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