quinta-feira, 23 de outubro de 2025

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Há meio século, a Formula 1 ficava espantada com a apresentação da Tyrrell e do seu carro para a temporada de 1976. Iria ser bem radical, onde em vez de quatro rodas, teria... seis. Tanto que teve uma designação própria: o P34.

Não se esperava uma coisa destas de alguém como Derek Gardner, que desenhava chassis para a Tyrrell desde 1970, quando fez o 001, baseado no March 701, de Robin Herd, mas depois de ter desenhado o 007, em 1974, sabia que o carro ser limitado face a outros como o McLaren M23 e o Ferrari 312T, que acabaram por dominar nas pistas na temporada de 1975, onde a Tyrrell apenas ganhou uma corrida. 

Conta-se a história que foi apenas quando o desenho estava bem avançado, e durante um voo - com algum incentivo do whisky servido a bordo - que Gardner contou a Ken Tyrrell que decidira construir um carro com seis rodas. A ideia surgiu porque, na altura, as asas dianteiras estavam limitadas regularmente a um metro e meio de comprimento, e quando se construía o carro, com as quatro rodas, eles ficariam de fora dessas asas, logo, não poderiam aproveitar em termos aerodinâmicos.

Gardner chegou à conclusão que, diminuindo as rodas da frente e colocá-las atrás das asas, teria muitas vantagens em termos aerodinâmicos. Ou seja, rodas de dez polegadas, em vez das 13 que eram usadas na frente pelas outras equipas. Claro, em relação às rodas traseiras - que não seriam alteradas - ficariam enormes. 

Havia vantagens: mais área para travagem, melhor tração dianteira - iriam ser construídas janelas para que os pilotos pudessem ver as rodas a virar - e os eventuais problemas de viragem foram resolvidas com a ligação unica entre a coluna de direção e os eixos. Eles iriam virar ao mesmo tempo, ficando os pilotos com menos um problema para pensar. Claro, o lado mau da coisa era que o mecanismo era suficientemente complexo para a colocação de, por exemplo, as molas de suspensão, para não falar dos travões de disco, que seriam feitas à medida. 

O carro foi apresentado no final de setembro de 1975, no Heathrow Hotel, em Londres... e foi uma sensação desde o primeiro momento. Muitos acreditaram de inicio que as seis rodas eram um golpe publicitário, mas com o passar dos minutos, ficaram convencidos da seriosidade do projeto. Os primeiros testes aconteceram em outubro, em Silverstone, e assim que viram que o projeto era viável, Tyrrell deu luz verde para a construção de mais exemplares, até ao final do ano. 

A reação dos pilotos? Variou. Patrick Depailler gostou muito e era ele que iria testar constantemente o carro. Um dos jornalistas que viu os testes, o francês José Rosinski, afirmou que, apesar da complexidade da direção para virar quatro rodas ao mesmo tempo, que "a direção é tão gentil e livre de reação que até parece que tem direção assistida!

Jody Scheckter ficou algo cético com ele, de inicio, e acabaria por ser critico do projeto. Mas seria com ele que teriam os melhores resultados. 

Para além dessa novidade, o resto era bem convencional: monocoque de alumínio, caixa Hewland de cinco velocidades, suspensão independente, motor V8 da Cosworth de 3 litros, com cerca de 480 cavalos, tirando o número de rodas, parecia ser um carro convencional. Mas com isso, todos voltariam a falar da Tyrrell como equipa a ter em conta para a temporada que ali vinha.  

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