quinta-feira, 12 de julho de 2007

GP Memória - Grã-Bretanha 1987

Escolhi este Grande Prémio em especial porque faz hoje 20 anos que aconteceu. Tive sempre a sorte de ver alguns Grandes Prémios no dia do meu aniversário, e este não foi excepção. Ainda por cima, foi uma corrida excitante, pois emoção não faltou nesse dia, e muitos ainda recordam da ultrapassagem de antologia que o "Red Five" Nigel Mansell fez a Nelson Piquet

Entretanto, a concorrência tudo fazia para impedir ou minorar o domínio da Williams. A Lotus, que tinha Ayrton Senna no comando, já tinha ganho duas corridas, mas tinha dificuldades em acompanhar o ritmo. Quanto à McLaren, os motores TAG-Porsche já estavam a acusar o peso dos anos, mas Ron Dennis já negociava a compra dos motores Honda para 1988, e um novo parceiro para Alain Prost

Mas vamos por partes. Nesta altura, todos sabiam que o ambiente na Williams era de "guerra fria". Piquet não gramava Mansell e fazia tudo para prejudicá-lo, nomeadamente não partilhava as afinações do carro, ou então guardava-os para si, pois o brasileiro tinha fama de excelente afinador. Depois do Grande Prémio de França, onde “Our Nige” tinha batido Nelson Piquet, Mansell tinha os favores da equipa, e queria ganhar o Grande Prémio da sua terra natal, ainda mais quando se sabia que os ingleses tinham esgotado os ingressos e entupido os acessos ao Circuito de Silverstone

Depois dos eventos do ano anterior, em Brands Hatch, terem mostrado que aquele circuito começava a demonstrar não ter a capacidade de albergar a competição que é a Formula 1, o Grande Prémio decidiu ficar de modo permanente em Silverstone, quebrando a alternância que existia desde há mais de 30 anos.

Assim sendo, sem alterações no pelotão, esperava-se que, dada a velocidade alcançada naquele circuito, os carros com motores Honda fossem os favoritos à pole-position. E assim foi: na qualificação, os Williams monopolizavam a primeira fila da grelha, mas com a surpresa de Nelson Piquet ter conseguido superar Nigel Mansell. Ayrton Senna era o terceiro, ao lado do McLaren-TAG Porsche de Alain Prost. Thierry Boutsen e Teo Fabi eram respectivamente o quinto e o sexto na grelha, ambos nos seus Benetton, com Riccardo Patrese no sétimo posto, no seu Brabham-BMW. Gerhard Berger era o oitavo, e a fechar o "top ten" estavam o segundo Brabham-BMW de Andrea de Cesaris e o segundo McLaren TAG-Porsche de Stefan Johansson.


Polémica houve entre a Ligier e os comissários de pista britânicos, quando decidiram excluir o carro de Piercarlo Ghinzani devido à equipa ter infringindo os regulamentos. Primeiro, por ter feito voltas extra depois da primeira sessão de qualificação, e depois, de ter sido reabastecido na pista e ter sido empurrado pelos mecânicos para que voltasse a andar. As penalizações foram demasiadas para que os comissários pudessem suportar e o italiano ficou impedido de correr naquele final de semana.


Debaixo de um sol britânico, a partida começa com os dois Williams a não largarem muito bem, o suficiente para que Alain Prost salte de quarto para primeiro, mas antes de chegarem a Stowe, quer Piquet, quer Mansell, já tinham passado o francês. No inicio da segunda volta, Senna supera Prost e passa para o terceiro posto, enquanto que atrás, Alboreto supera Boutsen para ficar com o quinto posto.

Aos poucos, os Williams começam a afastar-se do resto do pelotão, mas na volta 12, Mansell comunica às boxes que tem problemas numa das rodas e que sofria de vibrações no carro. Isso continuou até à volta 35, altura em que teve de ir à box. Na troca de pneus. Mansell demorou 9,2 segundos e quando voltou, Mansell tinha 28 segundos de atraso, e apenas 29 voltas para apanhar Piquet.

Mas Mansell tinha uma vantagem: pneus novos, pois o brasileiro não iria parar. É que Piquet tinha acatado a sugestão da Goodyear para fazer a corrida com o mesmo jogo de pneus, e naquela altura, decidiu gerir o seu avanço. Contudo, quando faltavam 12 voltas para o final, o desgaste dos pneus fazia-se sentir e a diferença estava agora em 11,6 segundos, com um Mansell em clara recuperação, fazndo voltas mais rápidas umas atrás das outras e tirando em média um segundo por volta a Piquet.

A duas voltas do fim, perto da Stowe, por fim, Mansell apanha Piquet, e engana-o com uma manobra ousada, levando ao delírio os milhares de compatriotas que tinham assistido de forma empolgada a sua recuperação.

No final, o “brutânico” ganhava com 1,9 segundos de avanço sobre o brasileiro, com Senna a completar o pódio. O quarto lugar de Satoru Nakajima não só completou o quadro (quatro Hondas nos quatro primeiros lugares), como também tinha dado o melhor lugar até então a um piloto japonês. O britânico Derek Warwick, num Arrows e Teo Fabi, no seu Benetton, completaram o quadro dos pilotos que pontuaram.

Entretanto, a multidão invadiu a pista, para felicitar Mansell, que emocionado, parou no mesmo lugar onde tinha feito a ultrapassagem e beijou o asfalto. Isso foi o que tinham visto os espectadores. Mas na realidade... tinha-lhe acabado a gasolina.

E tudo isto aconteceu há exactamente 20 anos.

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