segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Aquilo que fazia mover Didier Pironi

Ao longo da existência deste blog, falei profusamente sobre Didier Pironi, cuja existência foi tão meteórica como trágica. Uma jovem esperança do automobilismo francês, vencedora das 24 Horas de Le Mans logo no seu primeiro ano de Formula 1, com passagem pela Tyrrell e Ligier, com bons resultados. Depois veio o convite para correr na Ferrari, que lidou contra Gilles Villeneuve, que depois o traiu no GP de San Marino de 1982, e que de uma certa maneira causou o seu acidente mortal. E que poderia ter sido o primeiro campeão francês se ele não tivesse batido contra o Renault de Alain Prost na recta chuvosa de Hockenheim, acabando ali a sua carreira.

Pode-se falar muita coisa sobre a sua carreira, e a sua maneira de ser de Pironi, mas tive sempre a sensação que ele era movido pela ambição e pela sua insatisfação. Era lutador em pista, e era ambicioso, e muito impaciente. Sempre demonstrou isso. Não sei dizer com precisão aquilo que fazia mover nas pistas, mas era isso tudo e mais. Queria glória, mesmo esmagando uma amizade? Bom, provou a velha teoria de que o seu primeiro adversário é o companheiro de equipa...

Mas também demonstrou que era um teimoso. Quis regressar à Formula 1 após o seu acidente, e depois de convencer os médicos a não amputar a sua perna direita, passou por uma série de operações - 47 ao todo - que fizeram reconstruir a suas suas pernas, e intensa realibitação, quer permitiu voltar a ter uma vida quase normal, testou as suas reacções, primeiro num AGS, em Paul Ricard e depois num Ligier, em Dijon-Prenois. Mas foi nesse segundo teste que verificou que não tinha o stamina suficiente para aguentar uma corrida inteira. Mas tudo o que fizera correr tinha voltado ao de cima: ambição, luta e impaciência.

Tinha descoberto a motonautica graças a um convite feito pelo seu amigo Philippe Streiff para ver uma competição de motonautica em Key West, nos Estados Unidos. Com os apoios que teve na Formula 1, nomeadamente a Elf, constroi primeiro barco feito em fibra de carbono, o "Colibri" e ganha uma corrida no inicio de Agosto em 1987, na Noruega, em conjunto com o seu velho amigo Jean-Claude Guenard, e o jornalista Bernard Giroux, que tinha sido navegador de Ari Vatanen em dois Paris-Dakar. Esta vitória, em Arendal, fez com que voltassem a olhar para ele como o caso de um regresso às competições, embora noutra modalidade. Contudo, duas semanas depois, Pironi estava morto, vitima de uma onda numa competição na Ilha de Wight, no sul da Grã-Bretanha. O seu substituto no Colibri foi outro ex-piloto de Formula 1, Jean-Pierre Jarier.

Uma coincidência macabra: alguns meses mais tarde, o seu irmão decidira reavivar a equipa de "offshore", mas em Abril de 1988, o avião que pilotava caiu na zona de Ste. Etienne, matando-o. Ambos estão agora sepultados no jazigo de familia em Ste. Tropez.

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