quarta-feira, 10 de agosto de 2011

GP Memória - Hungria 1986


A Formula 1 em geral, e Bernie Ecclestone em particular, sonhava desde há muito tempo em ter uma corrida por detrás da "Cortina de Ferro", termo cunhado por Winston Churchill quarenta anos antes num discurso numa universidade americana, quando queria falar sobre os paises da Europa central e oriental que caiam nas mãos dos partidos comunistas, e que se ficariam na área de influência de Moscovo. Mas em 1986, se o poder politico parecia imutável, em termos económicos, alguns desses paises, em particular a Hungria, precisava fortemente de divisas em moeda forte para sustentar um seu modelo cada vez mais insustentável.

E a Formula 1 era uma maneira de atrair turistas, logo, divisas, para aquele país. Para isso construiram um circuito nos arredores de Budapeste. Batizado de Hungaroring, era sinuoso e estreito, logo, as ultrapassagens não iriam ser fáceis naquela parte. E cedo, os pilotos queixaram-se do fato de ser dificil ultrapassar e de conseguir uma volta limpa para marcar tempo.


Mas Ayrton Senna não se queixou muito disso, pois conseguiu ali mais uma "pole-position", seguido pelo seu compatriota Nelson Piquet, no seu Williams-Honda. Alain Prost era o terceiro, seguido pelo segundo Williams de Nigel Mansell, e a terceira fila era ocupada pelo segundo McLaren de Keke Rosberg e pelo Lola-Ford de Patrick Tambay. O sueco Stefan Johansson era o sétimo a partir, seguido pelo segundo Lotus de Johnny Dumfries, e o "top ten" fechava-se com o Ligier de René Arnoux e o segundo Lola-Ford de Alan Jones.

No dia da corrida, multidões entusiasticas - cerca de duzentos mil pessoas - acorreram ao circuito para ver pela primeira vez a Formula 1 no seu pais. E quando as luzes ficaram verdes, Senna manteve a liderança enquanto que Mansell surpreende Piquet e Prost para ficar com o segundo posto. Mas no inicio da terceira volta, Piquet reage e retoma ao segundo posto, passando Mansell. Atrás, Prost tinha sido surpreendido na partida por Tambay e o piloto da Lola era quarto. Mas depois Prost iria reagir e passaria Tambay, que depois seria passado pelo seu companheiro Jones.

Com o passar das voltas, Senna e Piquet afastavam-se do resto do pelotão, enquanto que Mansell tornava-se num "tampão" para o resto do pelotão. Na 11ª volta, Prost passa por fim o britânico. Entretanto, Piquet apanhava Senna e o ultrapassava na volta 12, ficando com a liderança. As coisas ficariam assim até à volta 23, quando Prost tem um problema elétrico a terá de abandonar a corrida, voltando a dar o terceiro lugar a Mansell, agora com o segundo Lotus de Dumfries no quarto lugar.

A meio da prova, Piquet e Senna vão às boxes, em voltas diferentes, e o piloto da Lotus volta a ficar na frente. Na 48ª volta, o ritmo que ambos tinham dado era tanto que já tinham um avanço de uma volta sobre o resto do pelotão, liderado por Nigel Mansell. Aos poucos, Piquet apanha Senna, mas para o passar, iria ser outra história, pois ele sabia defender bem a sua linha. Na primeira tentativa, Piquet passa pela direita, mas trava tarde e cai na zona mais suja da pista, permitindo ser ultrapassado por Senna. Mas na volta seguinte, tenta por fora e consegue segurar o seu carro, "in extremis", o suficiente para manter a liderança. Tinha sido uma ultrapassagem memorável, em todos os aspectos.

Depois disso, Piquet afastou-se o suficiente para conseguir a vitória, a segunda consecutiva no campeonato, com Senna na segunda posição, e ambos tinham dado uma volta a Nigel Mansell, o terceiro. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ferrari de Stefan Johansson, o segundo Lotus de Johnny Dumfries e o Tyrrell de Martin Brundle. E quanto ao circuito, apesar das criticas... tinha vindo para ficar.

Fontes:

2 comentários:

Anónimo disse...

Aquela cena de Piquet "atravessando" Senna por fora foi fantástica!!!

Notas:

- o escocês Johnny Dumfries pontuou pela primeira vez com o 5º lugar (2 pontos) e
- 100º (centésimo) grande prêmio de Alain Prost na Fórmula 1.

AR Alves disse...

Tempo bom das frequentes dobradinhas brasileiras na F1.