O finlandês Hannu Mikkola, campeão do mundo de ralis de 1983, a bordo de um dos Audi Quattro, morreu na noite desta sexta-feira aos 78 anos. Um dos mais velozes a vitoriosos pilotos dos anos 70 e 80, triunfou em 18 ocasiões, entre 1974 e 1987, guiando máquinas como o Ford Escort 1800, o Toyota Corolla, o Peugeot 504 e o Mercedes 450 SLC 5.0. Entre as provas que venceu, contam-se o Rali dos Mil Lagos, o Rali de Portugal e o Rally RAC, múltiplo vencedor nessas provas. E também foi um dos originais, competindo no Rali de Monte Carlo de 1973, o primeiro a contar para o Mundial.
Nascido a 24 de maio de 1942 em Jonesuu, na Finlândia, começou a correr aos 21 anos, em 1963, num Volvo PV544. Em poucos anos, tornou-se num dos da frente na cena internacional, fazendo parte dos "finlandeses voadores", como Timo Makinen e Raulo Aaltonen. e em 1970, venceu o Rali Londres-México, a bordo de um Ford Escort 1800, a sua primeira grande vitória internacional. Dois anos depois, tornou-se no primeiro estrangeiro a vencer o Rali Safari, também a bordo de um Escort 1600.
Em 1973, Mikkola há tinha 30 anos quando a FIA começou a montar um Mundial de Ralis. Participou no Rali de Monte Carlo, prova de abertura do campeonato, com um Escort 1600, terminando na quarta posição, a sua primeira prova de relevo, antes de no ano seguinte, vencer pela primeira vez em casa, o Rali dos Mil Lagos, a bordo de mais um Ford Escort 1600. Em 1975, foi um dos melhores, com vitórias em Marrocos e nos 1000 Lagos. Mas nessa temporada, ele correu em três marcas diferentes: Fiat (124 Abarth), Peugeot (504 Coupé) e Toyota Corolla. Em Marrocos, triunfou com um pequeno francês como navegador chamado Jean Todt.
Mas como apenas haveria campeonato de pilotos em 1978, esses resultados contam mais como individuais do que coletivos. Nesse ano, Mikkola era piloto oficial da Ford, e trinfou na última prova do ano, o Rally RAC, acabando com 30 pontos e o terceiro lugar do campeonato. Essa seria a primeira de 15 vitórias ao lado do seu navegador mais longevo, o sueco Arne Hertz. O ano de 1979 iria ser o mais produtivo, vencendo em quatro provas (Portugal, Nova Zelândia, RAC e Costa do Marfim, no icónico Mercedes 450 CLS 5.0), acabando como vice-campeão, perdendo o mundial a favor de Bjorn Waldegaard... por um ponto.
Em 1981, foi contratado pela Audi para desenvolver o seu modelo Quattro. A equipa era muito forte: para além de Mikkola, tinha o alemão Walter Rohrl e a francesa Michele Mouton. Mikkola venceu na Suécia e no RAC e acabou em terceiro lugar, sendo apenas batido pelo francês Guy Frequin e pelo campeão, o seu compatriota Ari Vatanen. Voltou a ser terceiro em 1982, batido apenas pelos seus companheiros da Audi, Rohrl e Mouton, e triunfando na Finlândia e na Grã-Bretanha.
A temporada de 1983 foi diferente. Num duelo contra a Lancia, que conseguiu Rohrl, o campeão, a correr a seu lado, para se juntar a Markku Alen, Mikkola, que agora era o piloto numero um, apesar do sueco Stig Blomqvist e de Michele Mouton serem seus rivais internos. Começou com um quarto lugar em Monte Carlo, antes de triunfar na Suécia e em Portugal, e ser segundo no Rally Safari. Com a entrada em cena da versão S2, na Córsega, as coisas não correm bem, acabando por desistir, e o resultado será o mesmo na Grécia e na Nova Zelândia. Mas as vitórias na Argentina e na Finlândia o colocam na luta pelo campeonato, e dois pódios na Costa do Marfim e no RAC foram suficientes para bater Rohrl e Alen, 125 contra os 102 do alemão e os 100 do finlandês. A Lancia consolou-se com o título de Construtores.
Mikkola recebeu Rohrl de volta à Audi em 1984 e ao lado de Mouton e Blomqvist, entre outros, acabou por andar na luta pelo título com o sueco, que venceu cinco ralis, contra um único triunfo, no Rali de Portugal. Mas a sua regularidade - oito pódios - foi o suficiente para ser vice-campeão do mundo. Mas no final desse ano, entraram em cena os 205 Ti16 e os Audi focaram para trás em relação às máquinas francesas. Um terceiro lugar no Rali de Monte Carlo de 1986 e a vitória no Rali Safari de 1987, mais um podio no Rali da Acrópole desse ano foram os seus últimos resultados de relevo, antes de passar para a Mazda em 1988, ficando até 1991, a tempo inteiro, e correndo pela última vez no Rali da Finlândia de 1993, aos 51 anos de idade, a bordo de um Toyota Corolla 4WD oficial, terminando no sétimo posto, correndo contra uma nova geração de pilotos.
Desde então, participava em Ralis históricos, desde as reedições do Londres-México até ao Forest Stages Rally, organizado na Escócia em honra de Colin McRae, e em 2011 foi induzido no Rally Hall of Fame, ao lado de Walter Rohrl. Ars lunga. vita brevis, Hannu.
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