sexta-feira, 26 de setembro de 2008

GP Memória - Portugal 1993

Depois de Monza, todos sabiam que a consagração de Alain Prost como tetra-campeão de Formula 1 era uma questão matemática, já que, a três provas do fim, bastava-lhe uma vitória para ele consagrar-se como tetra-campeão do Mundo, e eventualmente, retirar-se da Formula 1 de vez.


No Autódromo do Estoril, naquele fim-de-semana de final de Verão, muitas coisas estavam acontecendo no pelotão da Formula 1. Michael Andretti tinha decidido rumar para a América, onde era mais feliz na CART, e Ron Dennis decidiu substitui-lo pelo seu piloto de testes, o finlandês Mika Hakkinen. No Estoril iria começar uma parceira durável, que se prolongaria até 2001…


Entretanto, na Jordan, Emanuelle Naspetti, ex-piloto da March em 1992, iria correr na equipa, mas era uma solução provisória, pois para as corridas na Ásia-Pacífico, Eddie Jordan contratou um compatriota seu, que corria na Formula 3000 japonesa, e que sabia ter potencialidade para triunfar na competição. Era Eddie Irvine.


Entretanto, a sexta-feira estava a ser agitada no “paddock”: Depois dos treinos livres, Ayrton Senna anunciava aos jornalistas brasileiros que não renovaria com a McLaren para 1994, e também diz que Alain Prost iria anunciar a sua retirada de competição. Pouco mais de uma hora depois, às 15:30 da tarde, depois de devidamente avisados, a imprensa em peso acumula-se na sala de imprensa do Autódromo, para ouvir da boca do próprio Alain Prost a seguinte frase: “Já devem calcular o que tenho de falar. Vou abandonar a Formula 1 depois do GP da Austrália deste ano. Não é uma decisão precipitada, mas antes o que foi amadurecendo ao longo de todo o ano. Há já um mês que tomei esta decisão, e em conjunto com a Williams e a Renault, havia decidido anunciá-la apenas e somente depois de conquistado o título”. A partir dali, todos sabiam que o nome de Ayrton Senna como substituto de Alain Prost na Williams era apenas uma questão de tempo…


Nos treinos, nada de novo. Os Williams estavam na frente, mas era Damon Hill o “poleman”, seguido por Alain Prost. Na segunda fila, era toda McLaren, mas o terceiro era Mika Hakkinen, que queria impressionar os responsáveis da McLaren, já que estava em jogo, eventualmente, a possibilidade de correr na marca em 1994 a tempo inteiro. Hakkinen teve que bater Senna, que partia de quarto.


A terceira fila era composta pelo Ferrari de Jean Alesi e pelo Benetton de Michael Schumacher, enquanto que na quarta fila, Riccardo Patrese, da Benetton, e Gerhard Berger, da Ferrari, tinham ficado nas sétima e oitava posição, respectivamente. A fechar o “top ten” estavam o Footwork-Arrows de Derek Warwick e o Ligier-Renault de Mark Blundell.


A correr em casa, Pedro Lamy não desiludiu muito os fãs, ao conseguir o 18º tempo na qualificação, não muito longe do seu companheiro na Lotus, Johnny Herbert, que se qualificara na 14ª posição. No final da grelha estavam os Lola-Ferrari de Michele Alboreto e Luca Badoer. Seria a última vez que a equipa participava numa Grande Prémio de Formula 1.


Na volta de aquecimento, o motor de Damon Hill não pegava, o que fez com que arrancasse da última fila da grelha de partida, e colocava Alain Prost no primeiro lugar. Quando os carros partiram para a corrida, Prost atrasa-se um pouco e vê Mika Hakkinen a disputar a liderança, mas no final da primeira curva, vê o Ferrari de Jean Alesi na frente! Os McLaren vinham logo a seguir, com Prost em quarto e Schumacher quinto. A meio da primeira volta, Hakkinen é ultrapassado por Senna, que fica com o segundo lugar.


Mais atrás, Damon Hill ganhava posições atrás de posições. À oitava volta, tinha passado de 26º para décimo, e continuava a cavalgada para chegar aos pontos. Na volta 20, Senna encosta à berma com o motor partido, fazendo com que Hakkinen herdasse o seugndo lugar. Pouco depois, os dois primeiros param nas boxes, e Prost está na liderança, com Hill (que vinha de trás para a frente!) e Berger logo atrás, pois Schumacher também aproveitara para parar.



Nas voltas 29 e 30, os Williams paravam nas boxes, numa estratégia de uma só paragem, deixando Schumacher na liderança. Enquanto isso, os esforços de Mika Hakkinen em ultrapassar Jean Alesi acabaram na volta 32, quando comete um excesso na última curva, passando por cima das barreiras e batendo forte no muro de protecção.



Na volta 35, foi a vez de Gerhard Berger parar. Mas quando sai para a pista, o carro vira subitamente para a esquerda e bate nos rails de protecção, evitando por muito pouco o Footwork-Arrows de Derek Warwick.



Depois disto, a corrida ficou com Schumacher na frente, e Prost na segunda posição. Com o tempo, verificou-se que o alemão não iria parar até ao final da corrida, e ia a caminho da sua primeira vitória do ano, para a Benetton.




Prost decidiu não atacar, pois o seu maior objectivo estava alcançado, pois os seis pontos alcançados davam-lhe para ser campeão. Pouco antes do final da corrida, Hill passava Alesi e ficava com o terceiro lugar do pódio. Nos restantes ligares pontuaveis ficavam o Ferrari de Alesi, o Sauber de Karl Wendlinger e o Ligier de Martin Brundle.





4 comentários:

L-A. Pandini disse...

Oi, Speeder. Eu estava em Estoril nesse final de semana! Fiz a cobertura da prova para os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde e a Agência Estado. Foi o último dos seis GPs que cobri in loco naquele ano. Muito agradável para mim estar no país de meus avós maternos, ainda que não tivesse tempo de ir a Leiria, onde nasceu meu avô José, ou Viseu, terra de minha avó Gracinda.

Lembro-me até hoje do silêncio que os jornalistas fizeram na pequena sala onde Alain Prost, ao lado de Frank Williams e Bernard Dudot, anunciou sua retirada. Estava lotada - eu, por exemplo, tive que subir em uma mesa para ver alguma coisa -, mas todos ouviram em silêncio respeitoso.

Um colega interpretou o silêncio de outra maneira: "Acho que estão todos pensando no quanto o campeonato de 1994 vai ser monótono". Naquele momento, ficou claro que Ayrton Senna iria para a Williams e, pelo menos aqui no Brasil, ninguém apostava em menos de 10 vitórias em 1994. Houve quem previsse que ele seria campeão invicto.

Mal se podia imaginar o que viria. É como diz a bela canção "Aquarela", de Toquinho: "E o futuro/É uma astronave/Que tentamos pilotar/Não tem tempo, nem piedade/Nem tem hora de chegar/Sem pedir licença, muda nossa vida/E depois convida a rir ou chorar"...

Abraços! (LAP)

Red Bull RB6 disse...

A McLaren não desperdiça dinheiro e tem muito prestígio e tradição na Fórmula 1, mas demorou praticamente uma temporada inteira para romper o contrato de Michael Andretti e ser substituído de forma definitiva por Mika Hakkinen.

Anónimo disse...

Essa foi a última prova da Scuderia Italia na Fórmula 1. Em 1994 e 1995, ela fundiu-se com a Minardi

Ilmar Jr. disse...

Pois é, o motor Renault era potente, mas também não era de ferro (a atestar pela Williams do Hill ter falhado justamente antes da volta de apresentação).