quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Bolides Memoráveis - Williams FW10 (1985)

O carro do qual vou falar hoje trata-se de um modelo que muitos já o esqueceram, mas no seu tempo, foi um dos melhores do pelotão, e abriu caminho para o FW11, o modelo que dominou a Formula 1 em 1986 e 87, com os motores Honda. A revista inglesa Autosport classificou-o como o "Carro do Ano" em 1985, batendo o Lotus 97T e o McLaren MP4-2. E foi este o carro que deu a Nigel Mansell a sua primeira vitória na Formula 1, depois de cinco anos de tentativas frustradas na Lotus.


A temporada de 1984 tinha sido de dificil adaptação da Williams ao motor Turbo da Honda. Somente tiveram 25,5 pontos e uma vitória no dificil traçado de Dallas, através de Keke Rosberg, numa corrida marcada pelo calor e pelo asfalto a desfazer-se. O segundo ano da associação com a Honda tinha que ser melhor, e Frank Williams foi buscar Nigel Mansell à Lotus, pois achava que todo o seu potencial poderia expoldir no novo carro que lhe estava a preparar.


Entretanto, Patrick Head tinha analisado o FW09 e achou que era altura de tentar resolver os problemas de manobrabilidade que este carro sofria, e decidiu que o FW10 seria o primeiro carro inteiramente construido em fibra de carbono. Esse chassis acomodou o motor Honda V6 Turbo de 1.5 Litros, que tinha potências que variavam entre os mil a 1250 cavalos em qualificação, e os 900 cavalos em especificação de corrida. A caixa era uma Hewland de cinco velocidades, e eram equipados com penus Goodyear.



A escolha de Mansell, como substituto do veterano Jacques Laffitte, não tinha sido pacifica entre os seus pares. Certo dia, ao saber da contratação, Ron Dennis, o patrão da McLaren, mostrou-lhe uma compilação de acidentes nos quais o britanico se tinha envolvido na sua passagem pela Lotus. Depois disse em voz alta: "Isso é o seu piloto de ponta?" Aparentemente, o tempo iria dizer que sim, e para provar isso, deu-lhe o numero cinco, pintado a vermelho. Era o inicio da lenda...



O inicio do campeonato foi modesto, com Mansell a chegar em quinto lugar no GP de Portugal, conseguindo os primeiros pontos com a marca, mas à medida que a temporada passava, o motor Honda melhorava a sua fiabilidade, e a dupla Rosberg/Mansell começava a lutar pelos lugares da frente. Em Detroit, o piloto finlandês alcançava a primeira vitória do ano, batendo os Ferrari de Stefan Johansson e Michele Alboreto, e na corrida seguinte, em Paul Ricard, fez a pole-position e a volta mais rápida, mas fora batido na corrida pelo Brabham de Nelson Piquet, naquela que viria a ser a última vitória da marca.

No veloz circuito de Silverstone, palco do GP de Inglaterra, Rosberg faz a "pole-position"com uma média-canhão de 258.983km/h, o que permaneceu como recorde da Formula 1 para a volta lançada durante 16 anos! Esse recorde seria superado no circuito de Monza, pelo colombiano Juan Pablo Montoya, num... Williams! Infelizmente, essa volta-canhão não ia ter consequências em corrida, pois desistiu na volta 21.

As coisas somente melhoraram na parte final da temporada. Mansell sobe ao pódio em Spa-Francochamps, atrás do vencedor Ayrton Senna, e na prova seguinte, em Brands Hatch, Nigel Mansell finalmente alcança a vitória, após cinco anos de competição. O seu companheiro, Keke Rosberg, acaba em terceiro, depois de ter feito uma corrida de recuperação após uma colisão com Nelson Piquet na volta seis o ter feito cair para o final do pelotão.

Mansell repete a façanha em Kyalami, na Africa do Sul, a última vez que a Formula 1 visitou aquele país até ao final do regime do "apartheid", com Rosberg a completar a dobradinha. Na etapa final, na estreia do circuito australiano de Adelaide, Rosberg deu à Williams a sua terceira vitória consecutiva, mostrando à concorrência que finalmente, o combinado estava afinado e que a Williams era uma equipa a ter-se em conta na temporada seguinte. Esta corrida seria a última de Rosberg pela marca do "Tio" Frank, já que estava de malas aviadas para a McLaren, no intuito de substituir Niki Lauda. Para o seu lugar vinha Nelson Piquet, e as coisas para 1986 prometiam...

Chassis: Williams FW10
Projectista: Patrick Head
Motor: Honda Turbo V6 de 1.5 Litros
Pilotos: Keke Rosberg e Nigel Mansell
Corridas: 16
Vitórias: 4 (Rosberg 2, Mansell 2)
Pole-Positions: 4 (Rosberg 3, Mansell 1)
Voltas Mais Rápidas: 4 (Rosberg 3, Mansell 1)
Pontos: 71 (Rosberg 40, Mansell 31)

4 comentários:

Marchesi disse...

Olá Speeder, tenho visto seus comentários em alguns blogs, e percebi que você gosta de desenhos.
Eu faço alguns desenhos também, e se você puder dar uma passadinha no meu blog..........
Ahh, parabéns pelo seu blog, muito bem montado!

www.marcelmarchesi.blogspot.com

Valeu

Anónimo disse...

Olá amigo Speeder,

Gosto muito dos seus posts sobre os grandes carros da F1.
Para mim, essa é uma especialidade sua!
Os textos são enxutos, diretos e recheados de informações técnicas em uma linguagem fácil de entender.
Tudo temperado com uma curiosidadesinha de bastidor aqui e ali.

Ah, obrigado pelos comentários no VELOCIDADE MÀXIMA TOTAL.
Parabéns, um abraco e sucesso!

Marchesi disse...

Obrigado pela visita ao meu blog Speeder, volte sempre. Não atualizo com muita frequência, mas sempre terei novos trabahlos postados.
Abraço,

Marcel

bailas disse...

"O seu companheiro, Keke Rosberg, acaba em terceiro, depois de ter feito uma corrida de recuperação após uma colisão com Nelson Piquet na volta seis o ter feito cair para o final do pelotão"
O incidente foi com o Ayrton Senna, não?