Quinze dias passaram-se desde os
eventos em Imola, e o paddock da Formula 1 andava agitado devido aos eventos
desse dia no circuito italiano, com as equipas FOCA e as equipas FISA em guerra
devido aos regulamentos e devidas interpretações, e a ameaça de cisão voltava a
pairar no ar. Contudo, Enzo Ferrari
decidira chamar os seus representantes a Maranello e costurou-se um acordo, que
depois veio a ser conhecido como o Pacto de Concórdia, onde os crescentes
lucros das televisões e dos circuitos foram distribuídos pelas equipas, e por
ambas as formações. Todos ficavam satisfeitos e enterrava-se o machado de
guerra.
Na Ferrari, o ambiente era de
cortar à faca. Gilles Villeneuve
ainda estava enraivecido pela atitude do seu companheiro de equipa, Didier Pironi, de não ter obedecido à
hierarquia e ter vencido a corrida sem autorização. O canadiano disse dias
depois ao jornalista Nigel Roebuck que a partir dali, a guerra estava
declarada: “Não volto mais a dirigir a palavra”, afirmou, quando foi
questionado sobre Didier Pironi. Palavras proféticas…
E durante esses dias, sentindo
que a equipa apoiava o francês – apesar da equipa de Maranello ter emitido um
comunicado a criticar a atitude do francês - Villeneuve começou a conversar, de
forma visível e ativa, com outras equipas como a Williams e a McLaren.
Em Zolder, as equipas que
boicotaram a corrida de Imola estavam de volta, e a grelha voltava a ter 32
carros inscritos, com a novidade de Emilio
de Villota, que iria correr com um terceiro chassis March, enquanto que na
Arrows, Brian Henton, que tinha ido
correr para a Tyrrell em substituição de Slim
Borgudd, foi substituído pelo suíço
Marc Surer. Por causa disso, teve-se de fazer uma pré-qualificação, onde o
Osella de Riccardo Paletti e o March
de Villota não conseguiram fazer tempo para passar à fase seguinte.
A Brabham tinha de volta os seus
motores BMW Turbo nos seus carros, depois de algumas corridas com os Cosworth,
dando tempo a que os engenheiros alemães aperfeiçoassem os seus motores.
Depois de uma sexta-feira sem
incidentes de maior, no dia seguinte, havia a segunda sessão de testes de
qualificação. Num dia nublado, mas a não ameaçar chuva, os Renault lideravam a
tabela de tempos, com o melhor Ferrari a estar na sexta posição, que era o de
Gilles Villeneuve.
Contudo, a oito minutos do final dessa segunda sessão,
Didier Pironi tinha feito um tempo melhor do que ele em 0,1 segundos, e segundo
se falou, Villeneuve queria melhorar o tempo com o seu último “set” de pneus de
qualificação. Não o conseguiu e estava a caminho das boxes – mas sem abrandar o
ritmo – quando chegou à Trelembocht, com o March de Jochen Mass à sua frente. Contudo, ambos se desentenderam e o
Ferrari é catapultado para o ar, esmagando a sua frente no chão e o seu piloto
cuspido para as redes de proteção.
Socorrido de imediato, primeiro
por John Watson e Derek Warwick, e depois pelo pessoal
médico do circuito, viu-se que o canadiano tinha o pescoço quebrado e em
paragem respiratória. Levado de imediato para o hospital, acabou por morrer
naquela noite, vítima dos seus ferimentos. Tinha 32 anos. A Scuderia decidiu
logo a seguir retirar os seus carros em sinal de luto.
Com o que tinha acontecido, o
final de semana belga tinha definitivamente ficado em segundo plano, e as
pessoas pouco se importavam se os Renault tinham monopolizado a primeira fila
da grelha, com Alain Prost na frente
de René Arnoux. Na segunda fila
estavam o Williams-Cosworth de Keke
Rosberg e o McLaren de Niki Lauda,
enquanto que na terceira estavam o Tyrrell de Michele Alboreto e o Alfa Romeo de Andrea de Cesaris. Nigel
Mansell era sétimo, no seu Lotus, seguido pelo Brabham-BMW de Nelson Piquet. A fechar o “top ten”
estavam o segundo carro da Brabham, o de Riccardo
Patrese, e o segundo McLaren de John Watson.
No dia da corrida, o ambiente
estava tão pesado como o céu, mas não havia ameaça de chuva. Na partida, Arnoux
saiu melhor do que Prost, que por sua vez, tinha sido passado pelo Williams de
Rosberg. O finlandês passou logo a atacar a liderança, que a teve na volta
cinco, quando Arnoux foi à boxe com problemas no seu Turbo.
Prost ficou com o segundo lugar,
mas por pouco tempo, porque começou a desenvolver problemas com o seu carro e
foi superado por Lauda e o Alfa Romeo de De Cesaris. A partir daqui, as
atenções viraram-se para a luta pelo segundo posto, com o italiano a conseguir
passar o veterano piloto austríaco na volta 29, quando Lauda perdeu tempo com
um piloto retardatário. Talvez tivesse sido uma forma de pagamento por aquilo
que fizera em Long Beach.
Mas o segundo posto de De Cesaris
foi sol de pouca dura, pois o carro teve um problema de transmissão e desistiu.
Lauda herda o segundo posto, mas tinha agora o seu companheiro Watson, que com
um “set” de pneus mais duro, consaeguia manter um ritmo elevado o suficiente
para o passar. E assim fez, na 46ªa volta.
A partir dali, Watson partiu ao
ataque de Keke Rosberg, que começava a sentir a pressão, devido ao desgaste dos
pneus. O finlandês, que procurava a sua primeira vitória, tentou aguentar a
pressão, mas na penúltima volta, perdeu o contole do seu carro e o piloto da
McLaren aproveitou, para chegar ao primeiro posto e a segunda vitória do ano
para a equipa.
Com Watson em primeiro e Rosberg
em segundo, Niki Lauda completou o pódio. Contudo, mais tarde, os comissários
viram que o carro do austríaco passava em um quilo o valor mínimo, e foi
desclassificado. Assim, o americano Eddie
Cheever herdava o terceiro posto, conseguindo assim o seu primeiro pódio da
sua carreira. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Lotus de Elio de
Angelis, o Brabham de Nelson Piquet – que conquistava os seus primeiros pontos
no ano – e o Fittipaldi de Chico Serra,
que conquistava o seu único ponto da carreira, e o último da história da
equipa.
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