Henri Toivonen era um excelente piloto, com o seu quê de carisma. Tinha sido o mais jovem piloto a vencer uma prova do mundial de Ralis, em 1980, a bordo de um Talbot Lotus, aos 24 anos de idade. Depois de mais algum tempo a andar em carros da Opel e Porsche, foi para a Lancia, em 1985, para no final do ano, ter o novo modelo Delta S4. E logo no seu primeiro rali, na Grã-Bretanha, conseguiu o que todos queriam: uma vitória.
O ano de 1986 também começou com uma vitória para Toivonen e para a Lancia, e ainda por cima, acontecia precisamente vinte anos após o seu pai, Pauli Toivonen, ter herdado a vitória no mesmo Rali de Monte Carlo após a desclassificação dos Mini Cooper. Henri afirmou que a vitória tinha sido uma vingança por aquilo que o seu pai passou, depois dos seus criticos terem denegrido a vitória. Até hoje, os Toivonen são a única dupla pai-filho a vencer em Monte Carlo.
Mas nessa altura, os carros do Grupo B começavam a ficar incontroláveis. O acidente da Lagoa Azul, no primeiro dia do Rali de Portugal, e o boicote dos pilotos de fábrica ao rali - comandados curiosamente por Toivonen - fizeram com que se tivesse consciência de que os carros começavam a ser máquinas descontroláveis, pois já tinham mais de 500 cavalos, com bólidos feitos de fibra de vidro, em chassis tubulares.
A 1 de maio de 1986, começava em Ajaccio o Rali da Corsega. A Toivonen, um dos favoritos à vitória, tinha lhe sido dado o numero 4, que no ano anterior tinha sido dado a Attilio Bettega. Não se sabia se o pessoal da Lancia conhecia do que tinha acontecido no ano anterior, mas pelo menos, não acreditavam em superstições. E quando viram Toivonen na frente, pensavam que era a melhor forma de homenagear o seu companheiro morto um ano antes.
Mas após 17 classificativas, Toivonen estava doente e cansado de lutar com um carro demasiado veloz e demasiado leve, num rali que era conhecido por ser "o rali das Dez Mil Curvas", e onde uma distração poderia ser fatal, porque em certas curvas, o que esperava eram ribanceiras com algumas dezenas de metros. Mesmo ele se queixava da situação, mas prosseguiu. Até que numa curva, os seus reflexos foram demasiadamente lentos para poder parar um carro demasiado veloz. Foi numa sexta-feira, e o acidente chocaria os ralis, o automobilismo e o mundo. E ambos, ele e o seu navegador, o italo-americano Sergio Cresto, tiveram morte imediata. Era o fim de um ciclo, aberto precisamente um ano antes.
Durante 14 anos, a organização do Rali da Corsega não deu mais o numero 4 aos seus carros. Somente quando a FIA decidiu que os carros de fábrica voltariam a ter números fixos é que esse numero voltou. Curiosamente, o primeiro piloto a ter esse numero, o finlandês Tommi Makkinen, acabou o rali prematuramente quando atropelou... uma vaca.
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