No dia em que a Hispania confirma o indiano Narain Karthikeyan como piloto, e que Bruno Senna não o é para 2011, a equipa espanhola está numa situação dúbia: apesar de demonstrar que está a arranjar os devidos meios para sobreviver um segundo ano de competição, contrariando os cenários habitualmente pessimistas, aparecem noticias sobre a periclitante situação do seu proprietário, José Ramon Carabante. Esta sexta-feira, um tribunal espanhol condenou-o ao pagamento de 47,5 milhões de euros de uma divida a um ex-sócio do Grupo Hispania, Trinitário Casanova.
O negócio aconteceu em 2008 quando Carabante pagou cem milhões de euros para comprar a parte de Casanova na construtora espanhola. Metade foi pago na altura, com a promessa de pagar outra metade em fases. Contudo, a crise mundial, que teve enorme impacto na imobiliária espanhola, fez com que existisse problemas de tesouraria, a que acumulado com os problemas com a sua equipa de Formula 1, fez com que Casanova recorresse à justiça espanhola para receber o dinheiro em falta.
Carabante desdramatiza o assunto: "Em 2008, entramos em acordo para pagar € 100 milhões a Trinitario pelo grupo Hispania. No momento da compra, pagamos 50 milhões. Os outros 50 milhões deveriam ser pagos em três anos. Destas notas, apenas uma venceu sem pagamento, à espera de que se resolvesse em juízo", afirmou em declarações à imprensa, captadas pelo site brasileiro Grande Prêmio.
"Não vai haver o menor problema para pagar. Tudo vai ficar resolvido em alguns dias", falou. "Trinitario e eu chegamos a um acordo antes do julgamento", acrescentou. Reta saber até que ponto isto irá afectar os negócios do grupo e os pagamentos no brinquedo mais caro de Carabante: a sua equipa de Formula 1.
Em relação à contratação de Karthikeyan, pode-se dizer que a Hispania deve ter encontrado alguém que sustente o projecto. Se for a TATA, que é agora um conglomerado mundial com largos interesses nos automóveis (detêm a Land Rover e a Jaguar, para além da divisão automotiva da Tata, com o famoso Nano) pode-se pensar que isto poderá ser o primeiro passo para um controlo total da equipa, o que seria fabuloso para alguém como Colin Kolles, pois é esse o seu objectivo. E para José Ramon Carabante, seria um meio para pagar as dívidas e livrar-se de um encargo sem ter de fechar as operações. Mas esse cenário só pode acontecer quando conhecermos os contornos do negócio com o indiano de 33 anos, e o tamanho do patrocinio.
Sobre o chassis, parece que Geoff Willis vai conseguir fazer o carro de 2011. Será uma espécie de "versão B" do carro de 2010, com uma traseira de Williams, já que vão ter a sua caixa de velocidades. Um pouco mais evoluido, é certo, mas teremos dúvidas se sairá do final do pelotão, que é provavelmente o seu lugar mais óbvio, apesar do otimismo de Kolles: "O carro aparenta ser completamente diferente. Parece mais desenvolvido e melhorado", revela Kolles em entrevista à Autosport britânica.
"Temos a parte traseira da Williams, com o sistema hidráulico e o motor Cosworth. Esse pacote foi capaz de se classificar entre os dez primeiros no ano passado, então não pode ser tão mau. Esse não será o nosso ponto fraco. Espero que possamos melhorar o pacote aerodinâmico e, com certeza, na primeira corrida, o carro não andará no pelotão dianteiro, apesar de que você nunca deve dizer isso na Formula 1! Mas temos que ser realistas e trabalhar muito duro", concluiu.
Outra incógnita por estes dias será o seu segundo piloto. Certamente será um dos que estão na órbita de Kolles, portanto, pilotos do calibre de um Sakon Yamamoto ou um Christian Kilen são hipóteses plausíveis. Mas sabe-se que a Hispania participará nos testes do mês que vêm com um chassis de 2010 com o puro objectivo de escolher o segundo piloto, pois querem equilibrar o talento com o tamanho da carteira...
Quanto à história da saída de Bruno Senna, sejamos honestos: ambas as partes não morriam de amores um pelo outro. Bruno quer correr numa equipa melhor, e tinha sido uma escolha de Adrian Campos. Colin Kolles nada podia fazer para o dispensar quando chegou e o "aguentou" ao longo da temporada, pois este até trouxe algum dinheiro consigo. Agora em 2011, Kolles tem as mãos livres e pode colocar quem quer, desde que pague bom dinheiro.
Claro, Bruno Senna vê as portas fechadas para correr numa equipa titular nesta temporada, dado que não está nas cogitações das equipas ainda com vaga: Force India e Toro Rosso. A melhor alternativa seria ser terceiro piloto de alguma das equipas da frente ou do meio (falou-se muito da Renault-Lotus) enquanto que correria numa outra categoria, como a Le Mans series. Ou então tentaria ser mais um brasileiro a engrossar as fileiras da Indy Car Series.
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