O quinto dia do Dakar, uma especial de 426 quilómetros que ligou as cidades de Calama a Iquique, no Chile, Iquique, era à partida um percurso complicado para carros e motos, e ficou marcada pelas quedas, principalmente nas motos. Mas também ficou marcado pela vitória de um português nas motos, o BMW de Paulo Gonçalves.
Mas a etapa tinha ficado marcado no final dia anterior pela penalização de Cyril Després em dez minutos, devido ao facto de ter falhado um controlo à saída de Jujuy, na etapa que os levou até ao Chile. Isso deu a Nani Roma uma liderança confortável e um aparente duro golpe nas aspirações do piloto francês em alcançar a vitória, apesar do Dakar ainda nem estar a meio...
Assim, Després partiu com vontade de recuperar o tempo perdido, e parecia ter recuperado algum quando Nani Roma parou para assistir o francês Olivier Pain, que teve uma queda grave e que levou ao abandono no rali. Mas depois, a organização decidiu comepnsar Roma pelo tempo perdido na assistência ao concorrente lesionado, e isso fez mudar os tempos inicialmente marcados. Sem isso, o chileno "Chaleco" Lopez Gavardo tinha ganho a etapa, mas depois o vencedor passava a ser Paulo Gonçalves, com dois minutos e dezoito segundos de avanço sobre o piloto local. Quanto a Roma, com as bonificações, ficou em terceiro, a 3 minutos e 58 segundos do vencedor, ainda na frente de Cyril Després. Quanto a Helder Rodrigues (Yamaha) e Ruben Faria (KTM), reservaram para si o sexto e sétimo postos.
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O final desta especial é único. Já no ano passado me impressionou. Mas foi um dia novamente muito exigente, com uma fase inicial com muita pedra e exigente, para no final entrarmos nas dunas durante quase 40 quilómetros. Estive muito bem precisamente até chegarmos a essa fase de dunas, que mais uma vez fizeram a diferença. Os pneus estavam já muito castigados e acabei por perder aí o quinto posto na especial, que ocupava até então. Mas foi um dia positivo, em que subi ao sexto lugar mas infelizmente o Cyril perdeu terreno para o Marc em virtude de uma penalização de ontem. O dia de descanso aproxima-se e faz parte da nossa estratégia estar na frente na entrada para a segunda metade da prova. Vamos ver se conseguimos.", afirmou Ruben Faria.
Já em relação a Hélder Rodrigues, com este sexto melhor tempo - a 10'01 do seu compatriota - manteve assim o quinto lugar da geral. E ele também foi um dos que parou para prestar assistência a Olivier Pain.
"Vi que o Pain tinha caído e nessa altura o Marc Coma estava já com ele. Mesmo assim tive que parar para me certificar que ele estava bem e depois voltei a arrancar. Fiz o que tinha de fazer, pois a vida humana está acima de tudo e felizmente o acidente dele não foi muito grave. Depois continuei, mas confesso que me custou bastante reencontrar a concentração. Andei inclusivamente algum tempo perdido para encontrar a pista. Podia ter recuperado mais terreno, mas amanhã continuamos no Atacama no meu terreno de eleição e sei que posso perfeitamente lutar pela liderança e assim aproximar-me do pódio".
Nos automóveis, o vencedor de hoje foi Stephane Peterhansel, que assegurou a dupla vitória da marca bávara nos carros e nas motos. O piloto francês ficou à frente da armada Volkswagen, onde o qatari Nasser Al-Attiyah foi o melhor ficando a 1 minuto e 24 segundos do francês, melhor do que Carlos Sainz, que na geral não foi além do terceiro posto, a 3 minutos e 15 segundos do vencedor. Na luta pela liderança, Carlos Sainz perdeu tempo para o seu companheiro de equipa, Al-Attiyah e obviamente para Peterhansel, e tem agora 'somente' 2 minutos e 26 segundos para o piloto francês e 2 minutos e 33 segundos para o qatari.
Quanto aos portugueses, Ricardo Leal dos Santos acabou a etapa na 12ª posição, depois de alguns atrasos. Primeiro, ficou parado na fase inicial da etapa no sentido de ajudar o seu colega de equipa, o francês Chicherit a colocar na pista o seu Mini que tinha caido num buraco. Mais tarde, perdeu mais de 10 minutos na fase final da corrida quando o seu BMW ficou preso numa duna. Mesmo assim, a classificação não foi afectada.
"Estamos a entrar na fase dura da prova e fico satisfeito por o Peterhansel ter conseguido hoje um belo triunfo e ter mostrado que podem contar com ele para lutar pela vitória. Para a Delta Q [patrocinador da equipa] é um primeiro sucesso mas estou certo de que não será o único. A nossa etapa teve uma fase complicada depois de ter parado para ajudar o Chicherit, quando fomos ultrapassados pelos dois Kamaz, mas numa zona de navegação acabámos por passar de novo para a frente", salientou.
Amanhã, a caravana do Dakar faz o percurso entre as cidades de Iquique e Arica, uma especial com 456 quilómetros de sector selectivo. Vai ser a última etapa antes do dia de descanso, no qual os concorrentes se embrenharão ainda mais no Deserto do Atacama, logo o percurso é repleto de dunas, cujos tamanhos aumentam à medida que o dia passa.
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