quinta-feira, 12 de março de 2015

GP Memória - Austrália 2000

Três meses depois do final emocionante do campeonato de 1999, favorável pela segunda vez consecutiva ao finlandês Mika Hakkinen, a Ferrari queria fazer este ano o definitivo, onde "ou vai ou racha" para ver se quebravam a malapata de 21 anos em termos de títulos mundiais de pilotos, que estava pendente desde que Jody Scheckter venceu o mundial em 1979.

Para Michael Schumacher, a temporada de 1999 tinha sido para esquecer. O seu acidente em Silverstone o colocou fora de combate por meia temporada, regressando apenas nas duas últimas corridas do ano, e demonstrando que estava em forma. E tinha aproveitado o inverno para se fortalecer ainda mais, determinado que estava em vencer um campeonato pela Scuderia. ao seu lado iria ter um novo companheiro de equipa, na figura de Rubens Barrichello, vindo da Stewart.

Na McLaren, tudo na mesma. Mika Hakkinen e David Couthard ficavam na equipa, determinada a tentar o terceiro titulo consecutivo para Mika Hakkinen, no poderoso motor Mercedes, e esperava-se que a criação de Adrian Newey, o McLaren MP4-15, continuasse a ser superior aos Ferrari.

Em contraste, na Williams, os tempos eram de mudança. Frank Williams tinha conseguido um bom acordo com a BMW para lhe fornecer os motores, naquela que era um regresso da casa bávara à categoria máxima do automobilismo desde 1986. Quanto aos pilotos, Williams decidiu dispensar Alessandro Zanardi depois da sua má temporada na Formula 1, e achou que seria melhor se desse uma chance a alguns jovens pilotos. Depois de experimentar num "showdown" com o brasileiro Bruno Junqueira, o escolhido foi um jovem de 20 anos, o britânico Jenson Button, que tinha feito uma boa temporada na Formula 3 britânica. A escolha foi algo polémica, pois Williams tinha dispensado Bernoldi, bem mais experiente. Mas o Tio Frank sabia que era uma opção de futuro.

A Jordan tinha acabado de ter uma temporada de sonho, com Heinz-Harald Frentzen a lutar pelo título mundial, depois de ter conseguido duas vitórias em Magny-Cours e Monza, e Eddie Jordan esperava que no ano 2000 a equipa pudesse dar "o salto" para estar nos lugares da frente e lutar pelos títulos mundiais, ao lado de McLaren e Ferrari. O alemão continuava, mas em substituição de Damon Hill, que se tinha retirado no final da temporada passada, veio o italiano Jarno Trulli, que no ano anterior, estava na Prost Grand Prix. 

Entretanto, Ford decidiu comprar a equipa de Jackie Stewart por cerca de 60 milhões de dólares, enriquecendo o ex-piloto agora dono de equipa. Com a aquisição, decidiu rebatizá-la de Jaguar, para vender a marca britânica um pouco por todo o mundo. E decidiu contratar o irlandês Eddie Irvine, mantendo no lugar o veterano Johnny Herbert, que ia agora para a sua decima temporada na Formula 1.

A Benetton estava em decadência desde 1997, data da sua última vitória em corridas, e no ano anterior, apesar de um segundo lugar de Giancarlo Fisichella no Canadá, tinha conseguido apenas 16 pontos, a sua pior pontuação de sempre. Com os motores "Playlife" - outra maneira de dizer que tinham os envelhecidos V10 da Renault - Fisichella e o seu companheiro de equipa, o austríaco Alexander Wurz ficavam por ali pela terceira temporada consecutiva.

Ao mesmo tempo, a BAR, depois de uma péssima temporada inicial, onde não alcançou qualquer ponto, decidiu mudar de motores nessa temporada, dos Supertec para os Honda, mantendo a dupla de pilotos constituida por Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta. Eles esperavam que com o novo conjunto chassis-motor, as alterações fossem imensas e os resultados estivessem ao nível do expectável para uma equipa que tinha investido imenso na temporada anterior.

Na Prost Grand Prix, Alain Prost lutava contra uns motores Peugeot que eram demasiado pesados para a concorrência. Contudo, na sua busca para manter uma "Ecurie de France", manteve o contrato e decidiu ter uma dupla totalmente nova para substituir Trulli e o francês Olivier Panis: o veterano francês Jean Alesi, que tinha sido seu companheiro de equipa nove anos antes na Ferrari, e o estreante alemão Nick Heidfeld.

A Sauber aproveitou os serviços de Mika Salo, que se tinha dado bem como substituto de Michael Schumacher, e iria ter a seu lado o brasileiro Pedro Diniz. Na Arrows, mais uma equipa com os motores Supertec V10, Pedro de la Rosa ficava para uma segunda temporada, acompanhado pelo holandês Jos Verstappen. E por fim, a Minardi mantinha Marc Gené, enquanto que Luca Badoer era substituido pelo argentino Gaston Mazzacane.

Os treinos mostraram um equilibro entre McLaren e Ferrari, mas no final, foi a equipa de Woking a monopolizar a primeira fila da grelha de partida, com Hakkinen a ser melhor do que Coulthard, enquanto que na segunda fila tinha outro monopólio, mas da Ferrari. Michael Schumacher era mais veloz do que Rubens Barrichello em 27 milésimos, enquanto que na terceira fila estava outro monopólio, mas da Jordan, com Heinz-Harald Frentzen a ser melhor do que Jarno Trulli. Eddie Irvine era sétimo no seu Jaguar, seguido pelo BAR-Honda de Jacques Villeneuve, enquanto que o "top ten" terminava com o Benetton de Giancarlo Fisichella e o Sauber de Mika Salo.

Dos estreantes, Nick Heidfeld dera-se melhor, com o 15º posto, enquanto que a última fila era preenchida pelo Williams de Jenson Button e pelo Minardi de Gaston Mazzacane.

A corrida começou com Jean Alesi a arrancar das boxes devido a problemas no seu Prost. Na largada, Hakkinen, Coulthard e Schumacher mantiveram as suas posições, mas Barrichello foi superado por Frentzen. Atrás, Button tentava recuperar o tempo perdido, passando seis carros logo na primeira volta, subindo para o 15º posto, enquanto que Marc Gené ia às boxes para reparar o seu carro, danificado depois de uma colisão com Nick Heidfeld.

Com o passar das voltas, os três primeiros afastavam-se de Frentzen, enquanto que na sétima volta, o Arrows de Pedro de la Rosa sofre um despiste devido à falha de um elemento da suspensão, que o projeta para o muro de proteção. Eddie Irvine, ao tentar evitar bater no piloto espanhol, despista-se e deixa morrer o seu motor Cosworth, numa posição perigosa na pista. E por causa disso, o Safety Car foi acionado.

Quando a corrida retoma na décima volta, o primeiro drama: Coulthard reduz drasticamente a sua velocidade, queixando-se do seu motor. Foi às boxes, mas cedo descobriu-se que o problema tinha a ver com uma válvula pneumática do motor Mercedes e retirou-se na volta seguinte, deixando Hakkinen e Schumacher à luta entre os dois. Mas mais drama iria acontecer na volta 18, quando Hakkinen também se retira com o mesmo problema, deixando Schumacher solitário na liderança, com Frentzen no segundo posto, mas a mais de 16 segundos.

Schumacher pararia apenas uma vez para se reabastecer, na volta 29, deixando os Jordan liderar temporariamente. A corrida de Frentzen acabaria na volta 36 devido a problemas de caixa de velocidades, deixando Barrichello no segundo lugar, já que este tinha conseguido passar Trulli nos reabastecimentos (tinha-se decidido que ele iria fazer dois). A sua leveza e maior velocidade de ponta fazia com que passasse Schumacher na volta 45, imediatamente antes de fazer a sua segunda paragem.

No final, a Ferrari conseguia uma dobradinha, com o lugar mais baixo do pódio a ser ocupado por Ralf Schumacher, a bordo do seu Williams. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o BAR de Jacques Villeneuve, o Benetton de Giancarlo Fisichella e o Sauber de Mika Salo. Porém, poucas horas depois, os comissários de pista decidiram desclassificar o finlandês da Sauber devido a uma irregularidade no seu chassis, e no seu lugar veio o segundo BAR de Ricardo Zonta.

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