domingo, 6 de março de 2011

GP Memória - Africa do Sul 1971

A temporada de 1970 acabou com a Ferrari na mó de cima, depois de uma batalha bem disputada com a Lotus. Sem Jochen Rindt, morto em Monza, e com um piloto muito jovem, o brasileiro Emerson Fittipaldi, em mãos, a Ferrari parecia ter as coisas controladas. Mas no horizonte já surgia uma nova ameaça, na forma da Tyrrell, que tinha estreado o seu chassis próprio alguns meses antes, no GP do Canadá. Jackie Stewart, o seu piloto principal, tinha mostrado nas três últimas corridas da época que tinha bom material em mãos e poderia lutar pelo título.

Com estas três equipas vistas como as favoritas por muitos, os pilotos eram os mesmos que tinham ficado no final de 1970. A Ferrari ficara com o belga Jacky Ickx e o suiço Clay Regazzoni, mas o seu terceiro piloto, o italiano Ignazio Giunti, tinha morrido em Janeiro durante os 1000 km de Buenos Aires, quando bateu no Matra de Jean-Pierre Beltoise. No seu lugar, na prova sul-africana, alinharia o americano Mario Andretti.

Na Tyrrell a dupla era a mesma do ano anterior: o escocês Jackie Stewart era acompanhado pelo jovem francês Francois Cevert, enquanto que na Lotus, a dupla era também a mesma que tinha acabado a temporada anterior, constituida pelo brasileiro Emerson Fittipaldi e o sueco Reine Wissell. Também não havia grandes mudanças na McLaren, com o neozelandês Dennis Hulme e o inglês Peter Gethin a fazerem a dupla na equipa.

Contudo, havia mudanças na BRM. O mexicano Pedro Rodriguez mantinha-se, mas agora era acopmpanhado pelo australiano Hownden Ganley e por Jo Siffert. O piloto suiço tinha vindo da March, que vira a sua dupla oficial do ano anterior ter ido embora, já que o neozelandês Chris Amon tinha ido para a francesa Matra. Para os seus lugares, a equipa inglesa tinha contratado o sueco Ronnie Peterson e o italiano Andrea de Adamich, que sendo piloto da Alfa Romeo no Mundial de Endurance, usava um motor da marca italiana. Ainda havia um terceiro piloto a participar numa March oficial, o espanhol Alexandre Soler-Roig.

A Matra tinha Chris Amon e Jean-Pierre Beltoise, mas na corrida sul-africana, apenas Amon estava presente, enquanto que a Brabham tinha contratado o veterano Graham Hill no lugar de Jack Brabham que, reformado, decidira vender a sua parte a Ron Tauranac e regressar à sua Austrália natal. O segundo carro seria guiado por um dos pilotos locais, Dave Charlton. Quanto á Surtees, iria alinhar com dois carros, um para o seu proprietário, John Surtees e outro para o alemão Rolf Stommelen. Um terceiro carro estava na Africa do Sul, onde seria guiado pelo veterano dos Sportcars, Brian Redman. E como patrocinador, tinha a Bond Brooke Oxo, que tinha sido trazido por Rob Walker, que no final de 1970 falara com Surtees e acordaram fundir as suas estruturas.

Frank Williams decidiu lidar com a temporada de 1971 com um chassis March, e contratou para a sua equipa o francês Henri Pescarolo, que veio da Matra. Continuaria a alinhar com um só carro, algo que outro privado iria fazer: Jo Bonnier. O veterano de 41 anos adquirira um chassis McLaren e iria alinhar em boa parte da época.

Para finalizar, a local Team Gunston alinhava com os habituais pilotos: o rodesiano John Love, num March 701, e o sul aficano Jackie Pretorius, num Brabham BT26A.

Os treinos mostraram o concretizar o potencial da Tyrrel, com Jackie Stewart a fazer a pole-position, 0,6 segundos mais rápido que o Matra de Chris Amon. O suiço Regazzoni completava a primeira fila, ao fazer o terceiro melhor tempo e a ser o melhor dos Ferrari. Na segunda fila estavam outro Ferrari, o de Mario Andretti, e o Lotus de Emerson Fittipaldi, cujo tempo tinha sido igualado pelos veteranos John Surtees e Dennis Hulme, mas como o brasileiro tinha sido o primeiro a fazer tal tempo, os outros dois eram respectivamente sexto e sétimo da grelha. Jacky Ickx tinha fito o oitavo tempo, e a fechar o "top ten" estavam o segundo Tyrrell de Francois Cevért e o BRM de Pedro Rodriguez.

No dia da partida num tempo inclemente, tipico do Verão austral, Regazzoni levou a melhor no momento da partida sobre Amon e Stewart e liderava a corrida no final da primeira volta. Atrás de si vinham Fittipaldi, Hulme e Ickx, enquanto que o escocês passava a meta no sétimo posto. Mas o neozelandês estava pior, quase parado na partida, pois tinha caindo para o 14º posto quando começou a segunda volta. Fittipaldi aguentou o segundo lugar até à terceira volta quando foi ultrapassado pelo piloto da McLaren, que a partir dali partiu em perseguição de Regazzoni.

A perseguição deu frutos na volta 17, quando ele conseguiu apanhar o suiço da Ferrari e ficar com a liderança, desaparecendo de vista à medida aque as voltas passavam. Por essa altura, o calor sul-africano já fazia as suas primeiras vitimas, quer no motor, com eles a explodirem após algum tempo, ou então, no caso de Pedro Rodriguez, quando o seu chassis começou a derreter, causando queimaduras nos pés e o obrigando a encostar à boxe no final da 33ª volta. Duas voltas antes, o seu companheiro Siffert sofrera um sobreaquecimento no seu chassis.

Na frente, Hulme estava lá, impecável, sem ser incomodado, e tudo indicava que iria ser o vencedor da corrida. Atrás, Regazzoni ficara com o segundo posto durante algum tempo, mas era assediado por Fittipaldi, Surtees, Andretti e Stewart. O escocês consegue ultrapassar o italo-americano e sobe mais um lugar ao superar Surtees. Mas Andretti reage e passa os dois e está no terceiro lugar quando atrás de si vê o piloto da Surtees encostar na berma devido à quebra da sua caixa de velocidades.

Pouco depois, na volta 56, o motor de Fittipaldi explode e Andretti vai na perseguição de Regazzoni para o passar e ficar com o segundo posto. o Suiço é depois superado por Stewart, e enquanto tudo isso acontece, Hulme continuava a liderar impávido e sereno. Mas como toda a gente sabe, para vencer, tem de se cortar a meta em primeiro, e a três voltas do fim, o golpe de teatro: um dos braços da suspensão do McLaren cede e Hulme tem de ir às boxes para reparar o problema.

As reparações são demoradas e Hulme perde a liderança a favor de Andretti e quando volta, só consegue garantir o sexto posto final, perdendo uma volta para os lideres. E quando o italo-americano consegue a sua primeira vitória da sua carreira e a primeira de um americano em quase quatro anos, a Ferrari tinha começado o ano da mesma forma que tinha acabado no ano anterior: a vencer. Stewart e Regazzoni acompanhavam Andretti no pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Lotus de Reine Wissell, o Matra de Chris Amon e o McLaren de Dennis Hulme.

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