Quando o dia despertou sobre o Mónaco, para mais uma corrida do campeonato, o paddock foi agitado com a noticia de que a Mercedes tinha sido requisitada pela Pirelli para uns testes secretos após o GP de Espanha, em Barcelona, para experimentar novos compósitos de pneus. A marca italiana afirma que poderia fazer isso, mas Red Bull e Ferrari decidiram entregar um protesto formal à FIA pelo facto de, alegadamente, eles terem usado um carro de 2013, o que é estritamente proibido pelos regulamentos. Se os regulamentos foram quebrados ou não, não se sabia, e parecia que as coisas poderiam lançar uma sombra sobre a marca alemã, que nas últimas quatro corridas, tinha feito a pole-position, mas que nem sempre conseguia levar os carros até ao fim devido ao prematuro desgaste dos pneus.
Debaixo de céu azul e tempo primaveril, máquinas e pilotos preparavam-se para fazer 78 voltas num dos circuitos mais tradicionais e improváveis do campeonato do mundo. A partida correu sem problemas, com Nico Rosberg a ficar na frente dos dois Red Bull. Com o passar das voltas, via-se que os receios de que o desgaste dos pneus da parte dos Mercedes não acabaram pr acontecer, com o piloto alemão a aguentar bem o pelotão e até a afastar-se um pouco de Sebastian Vettel, mesmo após a primeira passagem pelas boxes.
Na volta 30, o Safety Car entrava na pista por causa de Felipe Massa. O piloto brasileiro tinha perdido o controlo do seu carro... na travagem para Ste. Devôte, da mesma forma que tinha acontecido no dia anterior, durante a última sessão de treinos livres. O piloto brasileiro fora depois levado para o hospital devido à violência do embate, mas algum tempo depois, ele teve alta.
Após a relargada, os pilotos andaram juntos, e foi a partir dali que Sergio Perez começou a dar nas vistas. Aproveitando a travagem para a Noveau Chicane, ele conseguia passar pilotos como o seu companheiro de equipa, Jenson Button, para tentar subir algumas posições naquele autêntico comboio que se tinha tornado aquele GP do Mónaco. Na volta 44, Perez tentou passar o Ferrari de Fernando Alonso, mas não conseguiu o fazer, indo até fora da pista para evitar o despiste.
Alonso iria ceder a posição, mas logo a seguir, acontece o momento da corrida: na parte de trás do pelotão, Max Chilton tentou defender-se de Pastor Maldonado entre a zona do Noveau Chicane e a veloz curva Tabac, mas ambos tocam-se e o venezuelano da Williams bate fortemente nas barreiras de proteção. As barreiras foram para a pista e inevitavelmente, a corrida foi interrompida.
Durante mais de meia hora, os comissários monegascos repararam os estragos, e cerca das 15:35, hora local, os carros estavam prontos para continuar a corrida, atrás do Safety Car. Com este nas boxes, a corrida recomeçou com Rosberg na frente e Alonso a deixar passar Perez depois do incidente. Atrás, Hamilton tentava passar Webber, mas não conseguia. Na volta 53, Perez tentou fazer a sua ultrapassagem no mesmo local, mas ambos sairam para a chicane, sem perder lugares. Ao mesmo tempo, atrás, Sutil tentava passar Alonso.
Com o passar das voltas, todos os pilotos andavam juntos, e a pressionar uns com os outros, mas não conseguiam passar. A grande ultrapassagem da altura foi na volta 57, no gancho Loews, Sutil conseguiu passar Alonso, surpreendendo o piloto da Ferrari. E por causa disso, o engenheiro de Sergio Perez avisou o seu piloto para ter cuidado como ele deve abordar aquele gancho...
Algo que Romain Grosjean não teve na volta 62, quando tocou na traseira de Daniel Ricciardo na saida do túnel e ambos seguiram em frente na Nouveau Chicane. O francês prosseguiu às boxes, mas a equipa decidiu retirá-lo. Por causa disso, o Safety Car entrou na pista mais uma vez.
Na volta 67, a corrida recomeça, com as noticias de que Raikkonen tinha problemas com o seu motor e Hamilton com os seus pneus. Na volta 70, Kimi aperta Perez na travagem para a chicane, arrancando uma parte do nariz, e na volta seguinte, as consequências foram mais para o finlandês, com um furo no pneu traseiro esquerdo. Perez, apesar dos estragos, continuou.
Por causa disso, os quatro primeiros ficaram isolados do resto do pelotão. Mercedes contra Red Bull. E na volta 73, a suspensão de Perez cede, tendo de parar na curva Anthony Nogués (antes da meta). E com isso, Sutil era agora, quinto, pressionado por Button e um Alonso que não estava no seu melhor.
E no final, Nico Rosberg ia até ao fim, alargando a diferença para Vettel. Quando a bandeira de xadrez foi mostrada ao piloto da Mercedes, não só era a primeira vitória do ano para a Mercedes, como ele entrava na história como sendo o primeiro filho de um vencedor a vencer nesta corrida. E precisamente 30 anos (e duas semanas) depois de Keke Rosberg dar uma vitória à Williams. Atrás, veio Sebastian Vettel e Mark Webber, e bem atrás para ficar com o último ponto do campeonato, ficou... Kimi Raikkonen, que em poucas voltas veio do fundo do pelotão para conseguir o décimo posto, conseguindo até apanhar o Sauber de Nico Hulkenberg, que no inicio dessa volta tinha uma vantagem de... seis segundos!
E assim, após duas horas e (quase) meia de corrida, com a paragem e o Safety Car, acabava o GP do Mónaco. E com a sombra do famoso teste secreto por cima das cabeças da Formula 1, máquinas e pilotos iam atravessar o Atlântico para dali a duas semanas, no asfalto abrasivo de Montreal, ver se existia alguma razão para reclamarem.
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